Me vejo seminu sentindo uma brisa
Leve e o tapete acarinha meus pés.
Tenho vergonha e penso
Apenas eu vou me desnudar?
Parece injusto, mas aquiesço.
No momento que a primeira
corda encontra a minha pele
Movimentos se reduzem.
Eu ainda não faço ideia de para onde
ela vai correr
E como vai me abraçar
Feito jararaca.
Sinto o calor do seu corpo e o
Olhar concentrado
Fazendo artes na sua cabeça
E deixando as mãos traduzirem
No idioma das cordas.
Olho tudo acuado,
Ao mesmo tempo em que
Sinto meus músculos
Destensionarem
Calo e confio.
As cordas dançam mais
Fazendo piruetas e correndo
Elas tocam meu corpo,
Cada vez mais enroladas,
Mais íntimas,
Pedindo licença do seu jeito
Silente. Estudando os ângulos
Contrapondo as forças
Desafiando a gravidade.
Vou movendo o que ainda posso,
No ritmo hipnótico da música.
Me perco em admirações
dos pequenos tufos na sua axila
Imagino os pubianos que só vi de longe
Estou suspenso no ar,
Minhas mãos doem,
Mas não sei se porque querem te tocar
Ou porque o sangue lhes falta.
Metade de mim vai jazer no chão.
Agora, tendo já suportado meu peso, as
cordas se apertam
Libertando gemidos que me confundem
Dor e prazer
Sinto seu pé contra mim e ao
Meu favor.
Ao final, a música fica distante
As cordas vão se acumulando,
Flácidas em meu corpo flácido
Um abraço sela nossa troca
Queria que ele durasse mais.
Ainda sinto as amarras
Ainda sinto o toque
Ainda sinto um tesão
Podia ter tesão?
Que explode sem que você veja
Naquela mesma noite.
Algo ficou amarrado e suspenso
Na minha mente. Parece que é
uma pergunta:
Quando será
A próxima vez?