segunda-feira, 30 de junho de 2008

Maze of Libido: fragment 2

If only I could find behind your fancy glasses and your childish smile
What I was looking for at that time.
If only those very glasses were not disguising
somewhat straying eyes.
The smile would melt into the promised happiness,
opening lips that would search all about me.
If only I could have built more floors, greener gardens, glassier skyscrapers!
But there we are, staring at each other, out of reach, hugging and pecking but the cold!
We have made history, I see it and so do you;
But yet... un-born dreams, aborted, deliciously tasted but given up, consciously.
Flashes that will no longer repeat themselves, for you are still here and gone, and I, soon, will be too.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Maze of Libido: fragment 1

Intelligence is a moral category. The separation of feeling and understanding, that makes it possible to absolve and beatify the blockhead, hypostasizes the dismemberment of man into functions. Praise of the simpleton has an undertone of anxiety lest the severed parts reunite and put an end to the derangement. ‘If you have understanding and a heart,’ a verse of Holderlin’s runs, ‘show only one. Both they will damn, if you show both together.’

Theodor Adorno, Minima Moralia 197 (“Wishful Thinking”)

Feast on Scraps

(algum lugar de 2006)

Eles jogam migalhas,
E eu aceito.
Eu como.
Eu lambo para que não sobre nada.
Eu tenho fome.
Uma fome crônica:
“Venham para meu estômago
Meus filhos!”
Eu tenho fome.
Mas eles não percebem
Porque eu devo não fraquejar.
Mas assim que eles se viram
Eu avanço nas migalhas.
Que são apenas fragmentos
Daquilo que eu não posso
Ter inteiro.
Minha fome me consome.
Mas sem ela,
Fico vazio.
Aprender a pescar
Ou depender das migalhas?
Um banquete de segundos roubados
De momentos unilaterais
De masturbação cotidiana
Eu tenho fome.
Vitalícia e vital.
Vitimante.

domingo, 8 de junho de 2008

Quarto escuro

(do passado, mas presente)

Ora, não é que minha vida se torna de novo um quarto escuro?
Que eu tenha que me ver novamente tateando em busca de alguma coisa que não sei direito o que é.
Minha vida volta a ser a parábola da caverna, mas diferente, porque não vejo sombras, ou melhor, tudo é sombra.
Não me sinto sozinho. Ouço os gemidos de devassidão ao meu redor. Me sinto um animal. Mas ao mesmo tempo, sou humano, mais humano do que jamais havia me sentido.
Sim, tenho consciência de mim, das minhas sensações, tenho consciência do meu lugar ali, da minha alegria, sinto amor ao meu próximo e me entrego a esse amor, como quem se joga ao mar. Ele me agarra, me envolve e me expande. Eu sou do tamanho do mar, mas sou poeira do universo. Porque penso. Ou sou pensado.
Busco a negação, porque percebo que eu sou uma ilusão. Não sou vítima nem algoz, mais algoz do que vítima, sim, eu sou. Mas acima de tudo, antes de ferir aos outros firo a mim mesmo. Sou uma grande cobaia das minhas experiências mais cruéis, e exulto quando elas dão certo.
Viajo e não saio do lugar. Me expando e volto a me encolher, só pra me sentir menor do que antes.
Busco e esta busca traz frutos doces, que ainda assim deixam um gosto de podre na garganta que nem um litro de minhas lágrimas inexistentes poderá fazer passar.
Provoco, queimo, odeio, caio e levanto. Preciso de você, mas não sempre. Às vezes, preciso de mim. Será que um dia vou não precisar de você? Mas é um prazer te conceder a minha companhia... será?
Sou fútil, leviano e superficial, de novo, e ainda assim os meus amigos e os meus inimigos me dizem que sou inteligente. Acho que sou os dois, então sou do pior tipo, da pior espécie, da pior laia. Mas sou apaixonante, sou uma graça, sou leve, sou como um sopro de brisa numa manhã ensolarada e morna. Mas balanço como o galho das árvores.
Eu quero ver! Mas está tão escuro! Por que eu entrei aqui? Quero me tornar um semi-deus! Quero transcender e... e..., é, por enquanto, é só isso...

25-10-2006. À noite.