quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Fragmentos de Natal

Esse ano, o Natal foi um pouco diferente. Vale a pena deixar registrado aqui as surpresas que essa época do ano, tão tradicional, trouxe.

A ceia de Natal, na casa de um grande amigo, foi chia de aventuras. A maior parte dos pratos ficou no estilo agridoce. Daí, pude tirar a seguinte conclusão: o agridoce nos lembra exatamente o que é o gosto do natal e das festas de final de ano: o salgado representa o gosto das lágrimas de arrependimento pelo que não pudemos fazer durante aquele ano. O doce, normalmenteo mais fraco, nos remete ao gosto da esperança do que podemos fazer de legal e diferente no ano que vai se iniciar. Portanto, nada melhor que esse tipo de sabor pra colocar nossa nostalgia casada com nossa perspectiva.

Além disso, o fogo do forno estava muito muito fraco, daí foi necessário sair com o peru semi-assado, embrulhado em um cobertor e em luvas e tudo mais, e ir de uma casa pra outra, pra que ele pudesse ser assado. Depois desse passeio e de algumas horas cozinhando no fogo certo, e nós, já quase de fogo, o peru ficou excelente. Vale a lembrança, se quer uma carne mais tenra, leve seu peru pra passear na noite de natal.

Ah, outra descoberta feita assim "dirrepente" foi que apesar de fazer a banana pra confeitar o arroz, ela fica boa mesmo como um tira-gosto: basta corta-la em tiras e regar no vinho branco, ou se tiver acabado na vodca, e depois na farinha de rosca, depois fritá-la, é sucesso garantido.

***
Mas nem só de comida e recitas foi feito esse natal. Ele também foi um momento de auto-reconhecimtento e de um aprendizado.

Às vezes a gente se percebe meio silencioso. Esse silêncio não implica que exista uma falta do que falar, mas que a fala não é necessária para a expressão daquilo que se faz mister comunicar. Ainda assim, pouco arrepentimento de não-ditos bateram. Não disse a dois amigos que me receberam em seu apartamento o quanto eu havia ficado honrado pela acolhida, o quão divertido havia sido e o quanto eu emulo o relacionamento ímpar e a cumplicidade deles. Torço kço muito pra que tudo dê certo sempre.

Já o aprendizado, isso dependeu de outras pessoas e foi um grande presente de natal.
Estava eu indo pra rodoviária de Curitiba. No ônibus, que veio logo, havia uma família, um pai, com seu filho, de uns 12 anos, e sua filha, com uns 5. Por causa da mochila, me mantive de pé e eo menino ficou de pé na minha frente. Eles quase desceram um ponto antes, mas a mulher avisou que eles deveriam descer no seguinte. O menino sorriu pra mim. Havia algo de estranho ali. Eu percebia alguma coisa especial no menino, mas não sabia dizer direito o que era.

Enquanto eu tentava descobrir o que era, ele se virou pra mim e quase me assustando ao falar comigo, me perguntou se eu ia passear também. Eu falei que iria pra casa, pra São Paulo. Daí, iniciamos uma conversa agradável. Enquanto atravessámos a rua pra chegar na rodoviária, ele me convidou para tomar uma coca. Enquanto conversávamos, percebi que o pai não lançava nenhum olhar de desaprovação, ao ver o jovem filho conversando com um estranho. Eles foram comprar a passagem para o litoral catarinense e eu fui pegar a minha passagem. Estava bastante suspeito aquela simpatia toda, mas fiquei curioso e decidi investigar até onde aquela história iria.

Voltei ao guichê onde as crianças esperavam o pai comprar as passagens. Fui conversando mais e mais com o rapazinho, sobre escola, sobre gostos. O engraçado era que eu não conseguia farejar nenhuma segunda intenção. Eu ficava com todos os olhos abertos e media bem minhas palavras, mas ia me deixando levar pela situação.

Assim que o pai comprou as passagens, eu disse que precisava comprar um presente pra uma amiga. Fui para uma das lojinhas e comprei um chaveiro e um ímã (que foram perdidos na viagem de volta), e eles pacientemente esperaram. Daí, fomos até uma lanchonete, e quem definia tudo era o menino. Ao sentarmos à mesa e escolhermos algo, eles pediram uma refeição. O primeiro pensamento do paranóico é: eles vão comer e depois eu que vou pagar a conta. O tempo todo, eles me ofereciam da comida, mas eu estava satisfeito pelo que havia comido antes de ir pra rodoviária, não tinha fome alguma. Porém, comia pedaços do bife que o pequeno cortava e me oferecia, e algumas fritas. Durante o jantar, conversei mais com o pai. Um moço simples, viúvo, a mãe dos meninos havia morrido, falamos de viagens, de trabalho, e de futebol.

Na hora de pagar, não apenas ele pagou tudo, não deixou eu contribuir nem com o suco que eu tinha pedido, como o garoto insitiu que eu deveria escolher um chocolate, que seria meu presente de natal, e mesmo eu dizendo que não queria, ele me deu um laka.

Estava quase na hora de eu ir embora, o ônibus deles partiria depois do meu. Eles fizeram questão de me acompanhar até o embarque e depois, fizeram tchau ao que partia. Achei aquela experiência toda muito legal, dei meu orkut pto pequeno, ele disse que tinha e que quando vier pra São paulo em julho, vai me avisar. O pai pediu que ele me desse o endereço deles pra quando eu quisesse visitar a humilde residência. É, parece que ainda existem pessoas de coração bom, que tratam os estranhos como se fossem da família.

**
E que venha 2010!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Diário de bordo - 11-07-09 - Helsinque

O sábado prometia ser um dia mais sossegado. Havíamos combinado durante a semana que nos separaríamos, indo eu passear com a minha amiga, que reclamava que eu havia passado tão pouco tempo com ela, enquanto os meninos ficariam por si só. Pelo que tinha entendido, o E. queria conhecer um local naturista na Finlândia, o que por incrível que pareça é raro, para um país onde quase todas as casas têm saunas. É uma coisa tão familiar isso da sauna que não havia nem sinal de uma sauna das do tipo que temos no Brasil.

Partindo de manhã cedinho, a Sheela e o Sampo passaram lá na casa do J. onde tomamos um super café da manhã e depois partimos. Nosso itinerário não era muito sofisticado. Primeiro, passaríamos na casa antiga dela, onde ela morou a infância toda, mas não conheceria os pais dela, posto que eles estavam no interior, na casa da avó dela. A casa era bem aconchegante, com bastante livros, bastante plantas. Um jardim muito bonitinho.



Depois de lá, fomos à casa de uma amiga dela. Era uma menina que trabalhava com ela e que sofreu um acidente e estava com dificuldades de locomoção, assim como sofria de convulsões. Ela já sabia que eu ia para lá e fomos. Ela foi super agradável, apesar de se sentir um pouco desconfortável com sua situação. Ela tinha um gato de estimação, o Oscar que sem muito rodeio já veio parar no meu colo. Eu que tinha um péssimo dedo pra criança e animais, me divertindo com o gato. Ficamos conversando um pouco, sentados no jardim.



Saindo de lá voltamos para casa onde pudemos ter um almoço muito gostoso. O que havíamos combinado era que depois do almoço, de tardezinha, eu iria pra um evento que o J. tinha ouvido no rádio: estava havendo um evento de ficção científica na capital e quando vimos o programa na internet me interessei pela palestra de um estudioso norte-americano. Bom, havia alguns autores, mas nenhum que eu conhecesse. A Sheela não quis ir comigo, ela não gostou muto da ideia, como eu achava que ela não ia mesmo, mas o sampo me levou até o lugar, e ainda ficou me eseprando pra voltar. O lugar estava lotado de pessoas vestidas das mais diversas coisas, personagens de animês, de mangás, de livros de magia, em uma quantidade infindável. Naquela mesma noite haveria um concurso da melhor fantasia. Não tirei nenhuma foto lá, não me perguntem por que.



Logo mais coloco aqui um resumo da palestra de Adam Roberts.

Depois de fazer umas perguntas para ele - inclusive ele deve ter notado meu sotaque diferente pois pediu que eu dissesse de onde eu vinha - tirei uma foto e fui embora. Antes, Sampo e eu passamos num mercado pra comprar algumas coisas que a Sheela tinha pedido pra janta e lá encontramos os meninos que não tinham tido um dia tão legal assim (parece que houve alguns desencontros, mas essa história não é minha, não posso contar). Jantamos todos juntos e logo fomos para casa.

O combinado era que sairíamos de noite, mas o E. que não tava num bom dia e era quem mais queria sair, decidiu não querer mais. Eu me mantive firme e acabamos saindo e deixando ele sozinho em casa. Tínhamos localizado alguns lugares de interesse e fomos aqui e ali no centro durante a noite até achar um lugar legal.

Ao entrarmos na baladinha, tive um susto. Só tinha gente mais velha. Beeem mais velha. Até brinquei que tinha entrado na balada da terceira idade. Foi bem estranho. Conforme a noite foi passando, o público foi se diversificando e tinha bastante gente nova, mas o pessoal era muito blasé. Olhei aqui e ali, mas nada. Um ou outro turista, mas nem sentia vontade de me aproximar. Ficamos conversando, o que podiamos ter conversado em casa, com menos barulho, e lá pras duas eu decidi que era melhor ir pra casa do que ficar ali sofrendo.

Pegamos um táxi e percebi que tinha sido o primeiro táxi que pegava na Europa. ele tinha um computador de bordo, como soube ser de praxe nos táxis, não como os GPS daqui, mas bem maior e mais sofisticado. ele montou todo o percurso, quanto gastaríamos antes mesmo de sairmos do lugar, muito interessante. Não me lembro quanto deu, mas não achei tão caro quanto os táxis de São paulo, guardadas as devidas proporções do euro.

Agora, bastava dormir e se preparar para as derradeiras aventuras na terra do papai noel.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Reencontros

Hoje eu driblei o destino!
Sabe aquele destino que vai fazendo a gente se
apartar?
Que vem de mansinho e sussurra:
"muda!", "vá trabalhar em outro lugar", "se forme", "não escreva", "faça outra coisa", "você está tão cansado", "você não tem dinheiro".
Aquele mesmo ambíguo e irrevente destino
que coloca pessoas mágicas no seu caminho,
mas as tira num piscar de olhos.
O rio flui.
Olha-se em volta e os afazeres, o hábito,
tudo vai contribuindo pra que a distância se mantenha.
Daí, alguém, talvez Deus, inventa as redes de relacionamento.
Aparece um tal de Orkut.
Alguns (ex-)namorados diriam que, na verdade,
quem inventou o Orkut foi o Diabo.
mas deixo pra posteridade a solução de tal dilema.
Tal rede foi enredando, foi assim, dom carrusmurrando, ligando as pontas do que foi e do que é
Memórias vivas pipocando dos mais recônditos pontos do globo.
Gente que foi, e de outra forma, jamais ia voltar.
Ali
Um clique de distância.
Longe, mas mais perto. A-ces-sí-ve-is!
E um dia, eu decido me Liviar!
Luta contra a falta de tempo, de oportunidades e como um ourives
desenha uma chance. Uma chance autêntica.
"Oi"
"Oi"
"Faz tempo, né? Que a gente não se vê"
"Ô se faz. Vinte anos. Mais ou menos isso"
"Eu morri e renasci tanto nesse tempo, você não liga de conversar com um estranho?"
"Eu sempre gostei de você. Você pode mudar, mas isso continua."
"Nossa, menina, como você continua linda!"

É, o tempo tirou a gente um do outro, mas sentar e conversar, é como se sentir em casa de novo.

"Preciso ir. Foi tão rápido, nem deu pra colocar 20 anos em dia, né?"
"Pois é, mas podemos nos ver de novo semana que vem"
"Ixi, semana que vem eu vou viajar"
"Ah, então na outra, o que é uma semana pra quem esperou 20 anos?"

É, na outra semana vai ser difícil achar um tempinho. Mas tudo bem, a luta continua... e nõs estamos ganhando por hora, vamos com certeza estar lá.

(porque quem sabe faz a hora, não espera acontecer)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Diário de bordo - 10-07-09 - Tallinn - parte 2

Bom, seguindo a viagem, encontramos o Marko.



Seu jeito despojado de se vestir e seu cabelo todo desalinhado já davam sinal de que estávamos diante de uma pessoa que não era muito cheio de nove-horas. Ele era uma pessoa simples e por isso, muito legal. Conversamos sobre suas viagens enquanto ele leva a gente pra uma parte inexplorada da cidade, a parte soviética. Saímos da parte medieval e histórica e passamos a conhecer os prédios menos antigos, mas abandonados, da época que a União Soviética esteve no poder. També, um bairro que era só de fábricas e tá virando um lugar super cool, cheio de prédios modernosos...



Ele só pode ficar com a gente por umas duas horas e vimos umas igrejas, a cidade de um mirante (subir tanta escada depois do almoço foi uma luta), e alguns parques. O legal foi que ele é designer e pudemos ver alguns de seus projetos nos parques onde ele levou a gente. Sabe aqueles mapas de localização dentro do parque e da cidade? O suporte daquilo feito de acrílico era projeto dele. Suuuper, né?

Enfim, depois que ele teve que ir embora, ainda demos mais umas voltas. Comprei selo e uns postais pra poder mandar pra galera que tinha pedido postal. Passamos no museu do tempo soviético, mas era caro pra entrar (esses capitalistas!) e só tiramos fotos do lado de fora. Passamos por fora também do museu de Arquitetura, tirando umas fotos da fachada e como de nosso costume pra dar a impressão que a gente tinha ido em mais lugares.



Voltamos pro porto e fizemos a viagem de volta chegando ainda com o sol das 21h. Claro que não contente com a minha performance musical, fomos pro karaoke e eu cantei Alanis, com uma mocinha muito animada que me acompanhava. Dessa vez o J. cantou também, uma música finlandesa. não tinha a que ele queria dos Beatles.

No porto de volta, não tinha muito controle, a fila virava uma muvuca que passava por um corredorzinho com seis guardinhas espreitando. A galera com malas e mais malas de muamba e bebidas (inclusive no próprio ticket do navio havia a quantidade de destilados e de fermentados que se podia trazer). Nós com umas malinhas de mão, a policial decide parar pra pedir o passaporte. O meu? o do Ed com a cara de galã do Oriente médio? Não, o Jarkko! Como assim a polícia para um loiro de olho azul e cara de finlandês? Fique chocado, era pra ser eu! Foi tão engraçado.

Daí, fomos andando até a estação de trem/ônibus. No caminho, paramos pra ver o pessoal tocando na rua. Música clássica dessa vez. Fazia um tempão, desde Copenhagen que a gente não parava e ouvia um show de rua. Foi gostoso.

No fim, quebrados, fomos pra casa e tivemos uma ótima noite, treinando no Youtube pra poder ir pra um bar de karaoke arrasar, e se divertindo, é claro.

Diário de bordo - 10-07-09 - Tallinn - parte 1

Depois de um longo intervalo, cá estou eu aqui para contar mais um pouco das minhas aventuras na terra de lá.

Só para fazer um breve resumo do que aconteceu até esse momento para os que acompanham os fascículos e para os que não acompanharam nenhum e decidiram começar a ler neste daqui. Chegamos na França e passamos dias legais lá, o albergue não foi lá aquelas coisas e perdemos um voo, numa sexta que insistia em fazer nada dar certo.

Depois fomos pra Copenhagen e experimentamos sensações deliciosas, conhecemos pessoas especiais e sem deixar de lado uma ou outra aventura (como correr atrás da câmera caida no meio da rua).

Depois, voamos pra Finlândia, fomos ao Leste e conhecemos o que a capital tinha pra nos apresentar. Parei exatamente nesse ponto, do meio pro fim da aventura finlandesa, e conto como as coisas se processaram na quinta de noite e na sexta toda, na aventura chamada Estônia.

Quinta à noite, passamos nos mercado para nos abastecer de coisinhas. Estava cedo demais para termos fome, posto que o almoço tinha sido tão tardio, mas logo que estivéssemos lá, a certeza de uma fome avassaladora nos assustava. Bem guarnecidos, bem dispostos, fomos pro porto pegar o tal navio.



Ao chegarmos ao embarque e entrarmos no navio, nos admirou seu tamanho e pompa. Pra quem nunca fez um cruzeiro ou nada do tipo, foi uma surpresa e alegria, voltar a ser criança e explorar cada canto daquele monstro marinho. Salão para dançar, cassino, pista de karaoke, restaurantes, e as cabines. A cabine era super chique, com banheiro e camas embutidas. Olha aqui e ali, decidimos fazer um piquenique bem debaixo da placa que dizia que não podíamos consumir nada que não fosse comprado no navio.

Depois de termos ficado no convés, vendo a Finlândia se afastar mais e mais, o vento frio e crescente, e depois de termos comido quase tudo que tínhamos trazido, fomos dar mais e mais voltas pelo navio. Conversamos, compramos um doce ou dois, e por fim, acabamos na pista de karaoke. O Ed não quis cantar de jeito nenhum, e eu fui,com a cara e com a coragem cantar a música do meu chará. Your song, quase meia-noite, desafinado. Era o zênite da felicidade. Depois disso, nada podia mais me contentar, fomos dormir pois de manhã cedinho teríamos que desembarcar. E olha que era cedinho mesmo. Eles chamariam às 6:15 e às 6:30 já deveriamos estar fora.




E foi o que fizemos. Ao chegar no porto, troca-se os euros por coroas estonianas. E estamos num outro país, em uma outra Europa, não era mais a Escandinávia querida. Estávamos na Europa Oriental.

Os cheiros, o sol da manhã, do dia que nascia, a brisa fria, fomos andando e o primeiro prédio mais diferenciado foi onde visitamos. Parecia ser uma estação de trem abandonada, alguns moradores de rua, algumas garrafas quebradas, mas nem nos aproximamos tanto. Tiramos algumas fotos e prosseguimos em direção à cidade.

Ao chegar na cidade, nem era tão longe, fomos andando pelas ruas quase desertas, nem era 7h e víamos em todas as placas que as lojas, os cafés, os pontos turísticos ou as informações turísticas, tudo abria às 9h. Um ou outro abria às 8h. A coisa era esperar, anda, anda, e acabamos sentando numa praça, esperando a cidade abrir. Pra que um barco venderia passagens pras pessoas chegarem e darem com a cara na porta?
Coisas de estonianos.

Haveria uma feirinha com artigos simulando objetos medievais. O pessoal tava montando a feirinha e a gente já dava uma observada no que iria comprar. Fiz vários planos, que se frustariam depois pelo fato de não termos voltado pra feirnha na hora que ela estava a todo vapor.

Com a abertura dos lugares, começamos a visitar algumas igrejas, como a que tem uma torre que foi por muito tempo a maior edificação da Europa (acho que até o século XII... é, faz tempo).

Deu um medinho pois lá em cima, diferente do alambrado e grade da torre eiffel, era só umas tábuas e uma grade de arame fino até a altura da cintura. Alguém nem conseguiu ir ali pra fora. Olhando de lá debaixo, ela nem parecia ser tão alta,ams foram tantos degraus, até suamos.



De manhã nos mantivemos ali na parte medieval da cidade. Fomos a um museu bem boboca que dizia ser interativo, mas tinha meia dúzia de coisas que você podia mexer no andar térreo e os outros eram um monte de cartazes. Museu mediavel interativo, não vale os 6 euros da entrada... =P

Pelo menos deu pra divertir. Fomos a lojas que vendiam produtos. Fiquei louco pra comprar uma capa, estilo Dungeons and Dragons, mas por 120 euros não dava. O Ed comprou uns sabonetes. A mocinha era uma fofa e muito bonita, com um inglês bonito.




Já quase na hora de almoçar, avisei os meninos que um moço do Couchsurfing tinha se disposto a nos mostrar algo da cidade. Fomos almoçar e conversamos com ele pelo celular do Jake. Nossa decisão pra almoço foi complicada, onde ir, onde ir?
Acabamos decidindo por um restaurante típico medieval, com luz de vela e cervejas temperadas. Foi divertidíssimo comer arroz com geléia de cebola e umas furtas vermelhas, e eu ousei: comi coelho. Nem parecia tanto e tava meio escuro, por isso, naõ me achem tão ogro assim. Queria experimentar algo que aqui no Brasil eu não pensaria em comer. A porção foi bem servida, tanto que nem deu espaço pra sobremesa. A garçonete foi muito agradável. Recomendo. Não é a refeição mais baratinha que tinha, mas não foi nenhum absurdo. Viva a conversão!!! Depois de três moedas, você meio que perde a noção do quanto você tá gastando. Chegar no real fica tao distante... PS - por que não tiramos uma foto da fachada do restaurante? Mistério...



Saimos do restaurante e encontramos o Marko...

(continua)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Promessa (new year resolution?)

Que estranho!

A vida tá se desdobrando e eu não consigo mais postar nada decente aqui.

O ano já quase chegando ao fim e eu ainda não consegui contar tudo o que experimentei em quase 20 dias de Europa, há tanto tempo atrás. E tem mais tantas outras coisas pra falar, além da viagem.

A pena está calada, mas não morta.

A poesia está correndo como sangue, rápida, mas não sai da pele.

Por onde andam meus amigos? Meus livros? Minhas paixões?

A vida me pegou no contrapé, mas a bruaca vai ver só o que é bom. Ano que vem promete. Esperem e verão.

O diário de bordo acaba esse ano ainda.

Novos projetos vão aparecer. Mais curtos, ou mais longos.

Esperem o verão.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

The boy and the blacklist



Once he had read it was common for certain people to write, to put on paper, whatever they felt they had and was annoying, to get rid of them for good. But that was not everything, after writing down the darkest one had in his soul, the person had to burn it. Not that the fire would really do away with those bad features, o no! But the ritual would light something up or turn something off inside the person and it would be THE moment. A rite of passage.

Then the boy does not feel like burning forever what is making him so sad. But the list does appeal to him. Let's put name under name and then what?

He gets some black paper and he writes in white the names of those who are no longer the ones whom he can give all he had. They are banned. It is game over. Not totally over. Just the best part out. The cream of the cake is going bad.

As he moves the pen agains the paper, curving to form the names which compose such an odd set, he establish the rules:

"you, ___, will no longer be offered my complete self. I remove from your horizon the sweet tender touch, my passsionate kisses, the massages I would offer, the best I have in me and which I wanted to give to you. Worry not because you are not burned. You are just an outcast, a blacklisted person. Maybe it means freedom for you, freedom from me. Maybe it means you lost it."

Now the boy feels like heaven. And the list grows and grows. Name after name is piled up and what he feels for them changes. I am sorry, you can't have this anymore. You're uninvited. Maybe next life. So he feels strong and determined while he wonders if he is gonna see the day when no blacklist will be necessary, for everyone will want to give and receive, the very day when all the barriers will have collapsed.

sábado, 7 de novembro de 2009

Diário de bordo - 09-07-09 - Helsinque

Voltando às aventuras no terra do frio, mais um dia de Finlândia e só nesse quarto dia é que fomos dar uma volta pelo centro de Helsinque. Tendo dormido na casa da minha amiga, acordamos cedo e pegamos o trem até o centro. O Ed e o Jake já nos esperavam na frente de uma igreja toda branca. Dali, decidimos dar umas voltas.

Passeamos por lojinhas de lembranças. Os preços estavam meio salgados, mas nada tão chocante como o que tínahmos visto em Paris. Fomos até uma feirinha de artesanatos e comidas. Tinha tanta gaivota que dava até medo. Elas podiam te deixar uma lebrança a qualquer momento. Depois passemaos numa pracinha e não pude deixar de exercitar meu senso de humor, apesar que eles ficaram um pouco tensos. Alguém disse: "quer ser preso?" Só por tentar dar um pouco de prazer pra pobre estátua? Mas de verdade, acho que ninguém ia me prender. Só dar uma multa de 80 euros, que é o que acontece com praticamente qualquer contravenção do finlandês, tudo tem uma multa de 80 euros.



Daí, decidimos ir pra algum museu, já que havia muitos nas redondezas. Escolhemos o de história natural. Lá, pelo menos, eu ia poder ver o tal dos elks. Empalhados, mas pertinho. O museu era um pouco confuso pros estrangeiros. Ao entrar em cada sala, a pessoa tinha acesso a uma pasta com várias páginas de explicação, mas não havia nenhuma marcação ou ordem. Lembro que o Ed ficou bastante irritado, mas eu estava sossegado, sem ler nada, indo de sala em sala e curtindo a estética dos bichinhos.

Tiramos umas fotos engraçadas, nos divertimos, só lamentando que minha amiga, eio avessa a museus preferiu ficar do lado de fora. Pude finalmente ter meu contato com os elks e acho que isso me apazigou. A vontade passou.



Depois de mais fotos no museu, decidimos ir embora. A fome batia, já era hora de comemermos alguma coisa. Um foi perguntando pro outro o que queria comer e decidimos comer num shopping e comida chinesa foi o escolhido. Mas ao chegar no restaurante,

O Ed se deu conta de onde íamos e ele disse que não gostava de comida chinesa e foi sozinho comer um pizza. A gente chegou bem tarde no restaurante e ainda tinha 5 minutos do buffet pra comer, mas a mulher do restaurante, numa simpatia oriental, não deixou a gente pegar do buffet. Fomos pra mesa pedir os pratos. Foi um banquete!

Depois, demos uma volta pelo shopping e pude comprar mais presentinhos.
A Sheela teve que ir embora, percebi que ela não muito fa desses passeios turísticos, e continuamos os três meninos andando pra lá e pra cá na velha cidade.

Na frente da sede do governo uma surpresa. Havia um grupo de pessoas com umas bandeiras estranhas e olhavam pra gente com desconfiança. Começamos a especular, o que poderia ser? Era um grupo pequeno, cerca de 30 pessoas, estavam protestando? Contra o quê? Tinha uns carros de polícia a certa distância. Não conseguimos chegar perto, mas ficamos bem curiosos.

Depois, fomos a um dos pontos turísticos da cidade, onde, de fato, encontramos muitos turistas. Trata-se de uma igreja que foi feita dentro de uma gruta. Ela é toda de pedra natural, e o teto é todo de cobre. Ficamos ali um pouco, vendo o movimento, tirando umas fotos e depois, decidimos ir pra casa.



O próximo movimento era passar no mercado, nos abastecermos de besteiras e depois partir para pegar nosso barco rumo à Estônia. Apesar de muitas aventuras se passarem na noite da quinta ainda, vou concentrar toda aventura de ida, estada e volta para o próximo post.

domingo, 25 de outubro de 2009

Conversation after 1am

Him:Yeah, but he is always on my mind.
Me: Okay, so jerk off and you'll be fine.
Him: I can't, there are so many emotions involved now.
Me: So, try an emotional jerk-off.
Him: Does that exist?
Me: Well, if it doesn't I can patent it and sell you for a bargain.
Him: And then I can cum feelings.
Me: Hum... We'd better go to bed. To sleep.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Diário de bordo - dia 08-07 – Ainda o Leste

Muitas pessoas devem ter se perguntado por que eu não citei a tradição de tirar os sapatos ao chegar em casa, exceto no final do segundo dia. Já explico: foi nesse ponto que algo aconteceu comigo, que fez os pais do meu amigo, se não tivessem me achado idiota o suficiente por ter trancado a chave dentro da própria mala, tiveram a certificação.

Ao chegarmos de Koli na noite anterior, entramos na casa e há uma área coberta do lado externo com uns degraus, o que os americanos chamam de porch, mas aqui no Brasil não sei como chama (viva a Wikipedia => chama-se alpendre). Deixei ali, no espaço que tinha. O Jake insistiu: Deixa ali dentro, pois havia uma espécie de hall antes de entrar na sala. Eu, teimoso, falei, não, depois eu guardo.

Eis que sou acordado no dia seguinte com a seguinte notícia: choveu a noite toda. Seu sapato ensopou. Eu te falei que era pra por pra dentro. Sim, caro leitor, eu mereci a reprimenda.

Acordado e envergonhado e des-sapatado, tive que aceitar a hospitalidade do pai e emprestar suas botas. No fim, foram muito práticas já que nosso programa do dia era passaer pelos arredores, conhecer os campos e as casas da família. Moravam todos ali no mesmo terreno, a sua vó, seus pais e tios.

Visitamos os campos de morango e o poço artesiano que já não serve mais tanto para seu objetivo inicial e uma casinha tamanho pequeno pra quando usam o forno de defumar. O tio dele havia pescado uns peixes e a mãe dele estava a defumar para nós, para a derradeira refeição.


(vejam eu, as botas e a casinha ao fundo)

Depois, já voltamos à estrada e a minha obsessão por elks continuou, mas de novo, no meio do dia, e sendo bichos tão tímidos, fique a ver árvore e árvore e nada de elk.
Aproveitamos a proximidade e fomos até a casa antiga do nosso anfitrião. A casa em que estivemos tinha sido termiada há pouco tempo e muito ainda havia ficado na casa anterior. Ela estava perfeitamente mobiliada e tão arrumadinha que eu passei a duvidar que lá houvesse pó. Fizemos um hour tour, por todos os cômodos e fotos e tal e partimos, pé na estrada rumo ao sul. Mas antes, estando no país dos lagos, eu queria passear na beira de um lago. Ele conhecia um bom no caminho e lá fomos nós.

O dia estava nublado. Chovia de leve, garoa filha da p..., e depois parava. Um ou outro raio de sol se filtrava por entre as nuvens por instantes. Daí, paramos num lugar, compramos um sorvete e fomos para a beira do lago. Eu queria porque queria entrar na água, e acabei tirando o sapato, que sim, ainda estava meio úmido, e fui molhar as canelas.



Eis que para minha surpresa a água nao estava tão gelada. Ou melhor, ela tava tão gelada que não sentia mais nada depois de 10 segundos. Foi o tempo de tirarem uma foto com pose de 'que delícia!'. Sai correndo da água com medo de sofrer hipotermia da cintura pra baixo, para no joelho!

A restante da viagem foi muito sossegado. Paramos na estrada pra comprar comida, e estavamos bem cansados, ainda mais ele que tinha dirigido tantas horas, mas daí fizemos o seguinte: o combinado é que essa noite eu dormiria na casa da minha amiga, pra podermos conversar e tudo mais. No dia seguinte planejamos todos juntos irmos até o centro, cerca de 20 min de onde estávamos e conhecer o que Helsinque podia oferecer aos turistas.

Assim, cheguei a tempo de jantar, um jantar todo multicultural, com comida chinesa, massa, um prato grego (?), mas surpreendemente çao tirei foto do prato. Depois, ficamos jogando conversa fora, eu ela o namorado e um amigo que também ia dormir lá, e depois fomos pro videogame terminar a noite em alto estilo: eles tinham um joguinho que é um pouco diferente do Guitar Hero, onde o jogador toca uma guitarrinha. Nesse jogo, cada um toca um instrumento, é um band game. Me colocavam pra tocar e eu até me dava bem, na medida da minha descoordenação. Na hora de cantar, a única que me eu consegui (ai de quem me chamar de emo) foi a Bring me to life do Evanescence, quase tirei 100!!! A outra foi um fiasco que abreviou minha carreira de vocalista e mostrou que o sucesso tinha sido apenas sorte.

Fui dormir pensando, o que será que o centro nos irá revelar?

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Diário de bordo - dia 07-07 – O Leste

Aqui estou de volta com as minhas aventuras.

Depois de uma noite bem dormida, satisfeito pelo jantar, mas contrafeito pelo cadeado, acordamos cedo e nos pusemos a dirigir.

Meu amigo nos levaria para o leste do país, numa viagem de mais ou menos 6 horas de carro até onde moram seus pais.A viagem foi tranquila. O tempo estava um pouco fechado e de quando em quando garoava.

No trajeto, paramos em um mosteiro dos monges cristãos ortodoxos russos. Sabe, aqueles com vestimentas exóticas e cânticos incompreensíveis? Em São Paulo, do lado do metrô Paraíso tem uma igreja deles. Sugiro que quem nã conhece vá ver alguma cerimônia qualquer dia. Mas ficamos com medo de eles serem meio tímidos e não tiramos foto de nenhum. Havia uma moça vestida tipicamente na entrada, mas no restaurante, os visitantes e as atendentes estavam vestidos normalmente.



Passeamos pelas arredores e tiramos fotos com os animais de pedra que se espalhavam pelos gramados. Entramos na capelazinha e vimos uma imitação dos quartos dos monges.

Depois de termos comido, ênfase ao pão escuro com arroz dentro que não lembro o nome e os meninos vão ter que me ajudar. O que tinha pra colocar nele era uma pasta de manteiga e ovo.




Depois retomamos a estrada. É curioso perceber que por longos trechos da viagem as estradas eram ladeadas por cercas que tinham quilómetros de cumprimento. Mas por quê? Era só olhar as placas. Havia os elks. Cuidado com os elks! Esse animal é muito engraçado. Parecido com um alce, mas um pouco diferente, é um animal típico da Escandinávia. Já tinha ouvido meus amigos de lá falar deles, e estava louco pra ver um. Viajando por tantas horas, a probabilidade seria grande. E a obsessão foi a de ver um elk. Adivinha, horas sem pregar o olho e nada. Segundo as pessoas de lá, eles são animais tímidos e só saem ao amanhecer ou ao anoiecer. Só viajamos durante o dia. Fora que o dia acabava às 2 da manhã e começava às 4h. Ou seja, no verão, não verás.

Ao final da tarde nos aproximamos do nosso destino. Fomos conhecendo as vilas e por fim, chegamos na casa dos pais do nosso anfitrião. Fomos recebidos em uma casa muito bonita, com uma refeição daquelas que fazem a gente querer ter dois estômagos.

Os pais dele eram muito simpáticos. Apesar de a mãe dele não falar inglês, pudemos nos comunicar e ficamos sabendo que tudo na casa, das fundações às tapeçarias tinha sido produzido por eles. Era emocionante.







Vejam o detalhe da cortina!

Finalmente, com o pai dele, fomos passear pelas redondezas e primeiro fomos ao museu da guerra. Em uma certa época, em guerra contra a Rússia, eles fizeram uma trincheira que atravessa o país todo. Falando nisso, estávamos pertinho da Rússia, mas com o visto custando os olhos da cara e uma mega burocracia, a Rússia nos obrigou a nos mantermos longe dela.

O museu de fato já tinha fechado, mas isso não impediu dois brasileiros de se divertirem andando na trincheira, brincando nos canhões e até pagando de noviça rebelde, se jogando na relva com florzinhas e cantando "the hills are alive"...

(essa foto não vem pra cá... muito queima-filme)

Depois, pegamos a estrada e mais uma hora estávamos no parque Koli. Na verdade, na parte que se chama Ukko-Koli. Ao contrário do solzinho frio que pegamos no museu, o tempo tava meio fechado, ams não estva chovendo. Subimos o monte e fomos até um dos pontos mais altos do lesta da Finlândia. Era um lugar mais pra gente meditar, sentir o silêncio, observar a imensidão dos lagos e das florestas.



Depois, voltando, o pai do Jake nos falou que seguindo aquela estrada, mais umas 9h a gente chegaria na Lapônia! Eis a terra do papai noel. (pra quem foi curioso e olhou a página da Wikipedia, veja que bizarro: a brasão do lugar tem um homem de sunguinha, mas lá no verão deve fazer 10 graus). Mas pensamos que 9 horas pra ir, mais 9 pra voltar, com certeza nos atrasaríamos pro jantar e a mãe dele não ia ficar muito contente. Além do que depois de viajar seis horas, viajar mais nove não era um plano nada atraente.

Voltamos pra vila que fica perto da cidade Joensuu, e em casa, pudemos tomar uma cerveja, e aproveitar a sauna. Lá a maioria das casas tem uma e é tradição familiar. Ficamos uma meia horinha,até eu quase desmaiar e saímos pra tomar um ar fresco e um suco e depois, mais suadeira. Foi bem legal. Ela é toda arquitetada, tem uma ante-sala pra tirar a roupa. Outra com ducha e uma mesinha, daí a sauna em si e uma porta que dá acesso a uma sacada toda fechada com tela, mas com umas mesinhas pra pessoa tomar um ar como se faz com um bolo na janela depois de assar.

Foi um dia cansativo e pra terminar fomos brincar de arrombar a mala. Depois de serrar e puxar com o alicate, fui descobrir as chaves, agora inúteis dentro da mala.

Ah, e não disse ainda, mas será importante pro dia seguinte, mas é tradição que se tire o sapato ao entrar numa casa na finlândia. Não só por limpeza, é uma questão de você se colocar no mesmo nível que a pessoa que te recebe, é descer do salto. Mas o que acontecerá depois de uma noite de sono?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Diário de bordo - dia 06-07 – Helsinque

Aqui estou de volta com as aventuras pela Europa. É engraçado perceber que já faz quase três meses que etive lá e ainda estou com pique de contar como foi, mas comecei, vou até o final.

Os leitores vão perceber que haverá uma mudança de estilo. Da minha escrita frenética e, não raro, cômica, passarei a uma descrição mais lenta e contemplativa, filosófica. Mas isso não é porque estou mais zen. Estou reproduzindo o que se passou na própria viagem. Depois de dias correndo como um louco pra ver 30 lugares em 2 dias, e de ter estado num lugar que não sabia quase nada, fui parar no meu destino inicial. O objetivo desde semrpe havia sido a Finlândia.

Mas por que esse país tão exótico?

Há muitos anos atrás, antes do advento da internet e essas parafernálias todas como MSN e afins, eu me vi apaixonado por enviar e receber cartas. Mandei e recebi incontáveis cartas de gente de todo lugar do Brasil, e depois, ampliando, de fora do Brasil. Daí, uma das minhas primeiras correspondentes foi uma garota de lá. Depois de treze anos, descobri que na verdade, a vizinha dela recebeu a minha carta, ams não quis me escrever e perguntou se ela queria. Me lembro com surpresa de quando recebi a carta dela, e mais ainda, quando recebi a foto dela. Imagina uma moça da cor da neve, mas recebi a foto de uma... indiana?

Foi minha primeira lição prática sobre globalização e genética. O pai dela era indiano e a mãe era um escandinava loura!

Além dela, anos depois com a internet já, fiz um amigo e ele até veio me visitar no Brasil. Precisava retrebuir-lhe a visita!

Enfim, a saída de Copenhagen aconteceu sem muitos contratempos. Afinal, depois de Paris, redobramos os cuidados e o tempo de antecedência ao voo.

Viajamos algumas horas, posto que a opção mais barata era ir pra Helsinque via Amsterdã. Lá estávamos nós de novo em Amsterdã, mas ainda não era pra desvendá-la.
Chegamos no aeroporto e tinhamos uma comitiva nos esperando: meu amigo, minha velha amiga e o namorado dela.

Abraços, cumprimentos, depois de treze anos nos escrevendo, eis que nos encontrávamos ali, de carne e osso.



Fomos pro carro e de lá, fomos pro apartamento do meu amigo. Já olhando pela janela do carro, percebi a diferença que eram as ruas, a disposição das casas e as pessoas.
Ele morava num bonito apartamento, espaçoso, bem mobiliado, com uma vista muito legal, árvores e árvores e árvores pra todos os lados...

Do lado da casa dele havia um mercado. Era tão estranho depois de ter tido contato com a língua francesa e dinamarquesa, aquela língua era muito muito diferente. A cara dos produtos era diferente também. Uma maçã continuava sendo uma maçã, mas era como se ela tivesse sido pintada com outros pincéis ou outras tintas.

Ficamos conversando e descansando até minha amiga ligar e nos dizer que podíamos ir pra casa dela. Jantaríamos lá. Foi um jantar todo indiano e a casa dela era muito legal: muitas plantas, uma decoração bem oriental, apesar de ser mais escuro que o do meu amigo. Almoçamos fartamente (inclusive uma das coisas que lembro com mais saudades da Finlândia é das horas das refeições). Depois, nós 5 - os dois brasileiros e os três finlandeses - fomos dar uma volta pra conhecer os arredores. Nem andamos um quarteirão de onde ficavam os prédios e já entramos numa espécie de bosque. Pessoas correndo, trilhas, árvores dos mais diversos tipos e aparelhos para ginástica feito de madeira. Além de fazer uns exercícios, e tirar umas fotos artísticas, tivemos uma aula de botânica: apesar de não ser a especialidade de nenhum deles, eles tinham um quê de escoteiros, sabiam pra que servia várias plantas, quais fungos eram comestíveis e coisas do tipo. Ou eles me enganaram bem, ou viver tão perto da natureza torna-a mais compreensível. Me senti um zé da cidade.




Depois, fomos parar num playgroud. Ali havia uma rede de cordas, formando uma espécie de teia de aranha e eu quis muito subir. Percebi que era complicado e que ela tinha uns 6 metros ou mais. Pensei, "isso é pra criança?". Acabei me sentindo no cirque du soleil, e me pendurei de cabeça pra baixo. Já que tava no outro hemisfério, ficar de cabeça pra baixo me fazia ficar na posição que costumo estar por aqui mesmo.




Depois, cansados, partimos pra casa. Chegando lá, percebi que nem tudo eram flores: meu pen-drive, que tava na mochila e havia passado pelos raios x da vida,pifou.

Além disso, fui procurar as chaves pra abrir o cadeado da minha mala. Nao achei em lugar nenhum e só podia ser uma das duas: ou havia esquecido na mesa da casa do Rumle, ou tinha trancado dentro da mala na pressa de fazer as malas. De qualquer forma, o Jake não tinha ferramentas ali e eu teria que esperar irmos pra casa dos pais dele, pra podermos arrombar... e eu achando que ia despistar Murphy com tantos voos pra lá e pra cá... mas ele sempre persegue (ou, ok, eu fui muito lesado...)

Mas logo isso seria resolvido. Em poucas horas estariamos partindo para o Leste.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Interlúdio: tirando as dúvidas

Meus últimos posts deixaram meus leitores curiosos, então, faço uma pausa no roteira da viagem para esclarecê-los.

Logo, volto com as aventuras na fantástica Finlândia, nossa próxima parada.


vc naum foi pra dinamarca pra ficar com o Rumle???


Não. E sim. Conheci o Rumle através deum site chamado Couchsurfing. É um site muito legal pois serve pra conectar as pessoas que gostam de viajar e aceitam ficar na casa dos outros. Ou seja, apesar de não nos conhecermos previamente, entramos em contato com ele e ele aceitou nos receber na casa dele. Claro que antes de chegar nele, vimos uns 200 perfis até chegar em uns 15 que gostamos, bem informados, com boas referências. Depois farei um post sobre o site. Mas era só isso. Alguém legal que nos receberia e não gastariamos com hospedagem e foi o que foi.


Como assim se despedir??? pra onde ele foi??? quem é Sophie-mulher/sabedoria???
Bom, quem foi embora de lá fomos nós, mas ele deixou a gente com a chave do apê dele, pois nosso voo era só no dia seguinte. E foi ficar com a namorada/rolo dele, a Sophie. Essa coisa de mulher sabedoria é invenção minha, pois sofia significa sabedoria em grego...


Cadê a foto da sereia????

Ela virá depois, pois participou de uma brincadeira na Finlândia. Colocarei as duas, a verdadeira e a "nossa".

Voces foram na parte do museu do Andersen?Gostou??????
Sim, fomos e era bem legal, veja uma foto da gente em duas das salas... A da Roupa nova do imperador e a da vendedora de flores:






Por que voce não queria ir pra Copenhagen??????
Nunca tive um porquê ir. Nunca li nada sobre lá e nem conhecia gente de lá. Simplesmente, não passava pela cabeça. Falta de contato prévio. Se arrependimento matasse... Quero voltar lá qualquer dia. Falar mais dinamarquês.

E por que diabos tinha índios peruanos lá?Seria uma invasão?
É a tal da globalização. Meedo! (risos)

sábado, 12 de setembro de 2009

Diário de bordo - dia 05-07 – Copenhagen

(depois de um longo hiato, por motivos acadêmicos, tento contiuar as aventuras e desventuras na Dinamarca e sequência)

Bom, esse post vai perder um pouco em histórias engraçadas e inesperadas, mas a culpa não é só do autor. O domingão na Dinamarca foi um dos dias mais tranquilos da viagem. Acordamos cedo (ok, não tão cedo quanto tínhamos planejado, já que a cama tava tão gostosa) e começamos a flanar pelas ruas de Copenhagen. O Ed tinha lido o guia, diferente de mim, e sabia quais eram os pontos turísticos do lugar. Eu, muito prosa, tinha chegado na Dinamarca ignorante de tudo, nem uma olhadinha na Wikipedia eu tinha dado.... tava à deriva. Mas com bons guias, era só seguir e se divertir.
Andamos por um parque, tinha uma estátua do Hans Andersen. Meu, com essa pomba ali bem localizada, dava pra dar algum crédito ao tiozinho que é a personalidade dinamarquesa na literatura universal?



Daí, passamos pela prefeitura, pelo palácio que tinha aqueles soldados com chapéus engraçados, e pose de estátua. Passou um levando uma jarra que a gente teve certeza que era a água real. Só nao entendemos porque ele teve que ter buscado no outro prédio. Não coloco nenhuma foto porque ficamos com medo de o soldado se aborrecer com fotos, e preferimos não ter que sair dali correndo. Entramos numa igreja bem legal. Até peguei umas orações em dinamarquês pra dar pra minha vó, só pra ver a cara dela.

Fomos no ponto talvez mais famoso que é a Pequena Sereia. Não, não tem nada a ver com a Ariel da Disney. Se tem, não aparentam ser iguais. É uma estátuazinha, em tamanho natural, que a gente quase passou sem ver que ficava ali. Só fomos lembrados de estarmos numa área pra turista ver porque o preço das coisas nos quiosques estava os olhos da cara. Comprei uns postais, mas nem sabia que a saga estava apenas começando. Em nenhum lugar se vendia selos. Mas, ainda temos muitas horas.

Perto ali da Sereia, no porto, pudemos ver a Opera House, que era um lugar de arquitetura muito bonita, e que tinha um mistério. No saguão interno havia umas bolas enormes, que pensei serem lustres. Nosso anfitrião nos explicou que elas era acesas e ficavam amarelas. Guarde essa informação. Parece que o fundo é pintado de vermelho. Bom, e daí? Um fundo vermelhoe três bolas amarelas? Eis a bandeira de Christiania, sabe a comunidade hippie da cidade? Mas a Opera House é pros ricaços do lugar, feita por uma espécie de Niemayer deles. Mistéério!

Já meio afastado do centro da cidade, fomos andar por vários lagos e a fome bateu. Tivemos nossa primeira experiência em um ônibus: depois de andar no guidão da bicicleta, no metrô e no trem (ao chegarmos), pegamos o ônibus. Nada de muito novo. Mas bastante confortável.

Nosso almoço não foi nada dinarquês. Fomos num café francês, mais típico que os da França (olha a ironia) e do lado de fora do lugar estavam tocando jazz. Um tiozinho muito batuta, um sonzinho muito gostoso e nós ali, nos entupindo.

O nosso host parecia meio triste, mas estava empolgado a ficar ali com a gente, pra lá e pra cá. Fomos pra uma região mais central e chegamos a uma praça. Grande com igrejas, e muita gente tocando, de um lado uns índios peruanos, depois um cara com a gaita de fole. Foi um banho de globalização auditiva, uma loucura! Até pensamos que era um mesmo cara que trocava de roupa e ficava encarnando várias nacionalidades, pois passamos pra um lado, entramos no mercado e na volta, tava outro ali. Enfim, achamos muitas lojas de presentes pros turistas, devia ter deixado tudo pra comprar lá, quanta coisa barata, e postais a metade do preço que tinha pago na Sereia. E finalmente, selos!

Finalmente, chegou o momento em que o Rumle ia embora e a gente ia ficar por nós. Ele tinha sido tão legal nesse pouco tempo, conversamos tanto, deu um aperto no coração já ter que ir embora. Nesse lugar que eu nem queria ter ido e se não fosse pelo Ed jamais teria ido mesmo, lá estava ele, montando na bicicleta, indo embora. Não que eu tivesse muito triste, eu mal conhecia o rapaz, mas eu comecei a lembrar de muitas despedidas que eu tinha passado e nunca antes, em um momento de se despedir eu sentia com tanta força o poder das despedidas todas que eu já tinha passado. Dai, fomos tomar um café pra ver se eu me distraia. Não é que me para um puto do lado do café e começa a tocar músicas de fossa? Eu ali, todo encimesmado e cheio da nostalgia das despedidas e ele tocando, não me contive e fui deixando as lágrimas rolarem. Sim, leitor, eu choro! O Ed, coitado, não entendendo nada, achando aquilo triste e divertido ao mesmo tempo.

Agora, podíamos explorar mais algumas horas pois em breve estaríamos partindo dali pra nossa nova destinação. Andando sem muita direção, mas querendo chegar a casa do Rumle, onde dormiríamos (sim, ele tinha ido pros braços da Sophie-mulher/sabedoria, e tinha deixado nos deixado a chave e a cama). Então, encontramos um museu muito interessante, era meio dois em um. Primeiro, era um acredite se puder, mil fatos e coisas que podiam ser verdade ou não, tudo meio interativo. Depois, ao sair, tínhamos acesso (se comprasse a ficha) pra uma segunda parte, o Museu Hans Chritien Andersen.

Pra completar, onde a gente virava tinha alguém tocando. Eis as vantagens de ir pra uma cidade onde tá rolando um festival de jazz, e por falar nisso, parando na praça, é só sentar e curtir o show. Ou dançar como vemos aí.



Ah, claro que tinha que ter alguma besteira, assim, pra zicar o dia. Chegando na estação, decidimos já comprar o ticket do metrô pro dia seguinte e os guichês já fechados, vamos na máquina, que só aceitam trocado. Queimamos todas as moedas e pegamos os tickets, mas uma leitura no meu recém-adqirido e ja esquecido dinamarquês pra descobrir que, bom, ele vale por 1 hora a partir da hora da compra. Pois é, sem moedas, sem paciência, vamos dormir e amanhã a gente compra de novo.Quem mandou querer ser precavido?

sábado, 8 de agosto de 2009

Diário de bordo - dia 04-07 – Copenhagen

Acordei depois do sol já estar forte no quarto onde ficamos. Uma cama alta e confortável, travesseiros com penas de gansos, ficamos muito agradecidos pelo amigo do nosso anfitrião ter nos cedido não apenas seu quarto, mas também sua cama. O Ed já havia partido para suas aventuras no grande festival na cidade de Roskilde e eu havia ficado para algumas aventuras na capital.

Acordamos, eu e o Rumle e fomos tomar um café fora. Ele me levou num lugar bem chique e o café foi muito gostoso, mas bem caro. Depois, fomos dando umas voltas, pelas redondezas da casa dele, vendo igrejas, estátuas e o que mais houvesse pra ser visto e fotografado por ali.



Daí, ele disse que teria que trabalhar e que se eu quisesse explorar a cidade por mim mesmo, tudo bem. Voltamos pra casa dele e seus três amigos chegaram para que eles pudessem ensaiar. Depois de algum ensaio, a banda foi para a rua e começou a tocar um, duas, dez músicas de seu repertório. O dia estava ensolarado e muitas pessoas, turistas principalmente, caminhavam pelas ruas. Depois de umas duas horas e chapéu cheio, um homem havia vindo conversar com eles. Haviam sido contratados para tocar em um restaurante, ali virando a esquina. Desmonta tudo e lá vamos nós para o restaurante. Como não toco nenhum instrumento, fiquei meio que de fora, fotografando a banda, filmando e dando um suporte. Também no restaurante, ajudei a montar as coisas, e fiquei ali, sentado junto com a banda, sendo até mesmo apresentado como o mascote dela.



No meio do show, eis a surpresa: um dos garotos, o Louis, me convidou para dizer algumas coisas em português para que eles pudessem ouvir um pouco da sonoridade do português. Peguei o microfone e ao som de uma bossa nova, tentei buscar alguma música que eu soubesse cantar. Veio uma qualquer, uma que eu nem sabia a letra inteira, do Chico, e daí ia completando as lacunas com frases de minha criação. Fui me deixando levar e em vez de recitar, fui cantando, cantando... Todos aplaudiram e a banda me incentivou com gestos de aprovação. Finalmente, eles voltaram para frente da casa do Rumle, tocaram mais meia hora. Dessa vez, peguei um dos instrumentos, um pandeirinho, e me sentei junto com a banda e acompanhava, buscando não atrapalhá-los. Mas eles estavam cansados já, dividiram o dinheiro e foi cada um para seu lado.

Alguns dos meninos ficaram e conversamos de ir até um certo lugar da cidade pra nadar. Como o dia havia sido bem quente, aceitei. Mas como iríamos? Discutiram: eu alugaria uma bicicleta turística e iríamos pedalando. Mas onde estão essas bicicletas, em nenhum lugar próximo da casa dele havia nenhuma. Como todos estavam com os pneus murchos, não podia ir na garupa de nenhum deles, mas o Marko, amigo mais doidinho teve uma ideia: eu sentaria no seu guidão e encostaria meu corpo contra o dele, assim ele me levaria de boa. Foi uma luta montar, mas assim que me achei, e ele também partimos. Todos nas ruas olhavam a gente passar, e eu pensava que talvez aquilo fosse algo não tão comum quanto ele havia me dito ser. Estava curtindo a brisa, quando de repente sinto algo escorregando do meu bolso e caindo no meio da avenida. Era só minha máquina fotográfica, sem capinha. Esqueci dela ali e o bolso era raso.

Pulei da bicicleta e corri no meio da avenida, para surpresa dos meninos, e ferindo meu pé no ato, mas consegui pegar a câmera que nada havia parecido sofrer, estoicamente caída em alta velocidade.
Segui os meninos a pé, achamos uma bicicleta de turistas, mas ela estava quebrada. Nesse quesito a prefeitura deixou a desejar. No fim, chegamos a um rio, e parte dele havia sido cercado e algumas plataformas de madeira formavam piscinas. Muitas pessoas se banhavam, famílias, círculos de amigos, parecia mesmo uma praia no gramado. Entramos, nadamos um pouco, mas logo saímos. Fomos para o gramado e ficamos conversando. O Rumle dormitava um pouco. Comemos comida japonesa e batemos mil papos sobre a cidade e sobre nós.



Daí, o Ed ligou. Tinha voltado hoje e queria que fossemos buscá-lo na estação. Seguimos até lá. De lá, decidimos ir até Christiania. É uma coisa: não sei se a palavra bairro, vila, cidade, comunidade, qualquer uma delas não dá conta do lugar. Você entra por uns portais, na frente escritos Christiania e atrás escrito, você está retornando à União Européia. Os meninos foram nos contando que ali era uma base militar que foi tomada pelos hippies e anarquistas nos anos 1970 e agora servia de moradia, com casas de arquitetura duvidosa, psicodélicas, e que o governo não infuenciava em nada ali, ou seja, os moradores não pagavam pelas terras. Demos uma volta e achamos um lugar, no telhado de uma casa pra vermos o sol se por às 22h. Conversamos sobre violência, sobre drogas, sobre tudo que aquele lugar inspirador trazia à mente. Mas o cansaço já começava a bater. Decidimos voltar pra casa, mas vimos que o Rumle e os meninos estavam se divertindo. Conversei com ele e ele foi um cavalheiro. Nos deu as chaves e nos ensinou a voltar de metrô. Logo na sequência, umas duas horas, ele estava em casa já. Cama!

domingo, 2 de agosto de 2009

Diário de bordo – 03-07 - França

(ou The bloody Friday - sexta-feira sangrenta)

Acordamos cedinho e com as malas já prontas, fui tomar café, ou melhor, UM suco e UM café, e fiquei pensando no que fazer nessas últimas horas de França; Fiquei triste pois quase não tínhamos feito amizade com ninguém no albergue. Eis que no café da manhã um rapaz sozinho sorri pra mim. Opa! Tenho meia hora esperando o Ed, vamos puxar um papo... Olá! Ah, você é surdo?! Pô, e mesmo assim, conversamos quase meia hora.

Bom, tchau, adieux! Au revoir! Quer dizer, não espero revê-los tão cedo! Lá vamos nós com malas e tudo em direção ao aeroporto. Bom, já fizemos esse caminho antes indo buscar o tal do adaptador. Metrô, até a Gare Du Nord. De lá, o RER, o trem até o aeroporto.

Vamos que vamos. Olha, ta todo mundo descendo. Oi, ah, esse trem não vai ao aeroporto? Que bom que o moço nos avisou. Corre, corre, ele ta dizendo que é esse que vai! Puxa, que coisa! Dizem que os franceses não são simpáticos e esse até segurou a porta do trem pra gente conseguir entrar. Ufa!
Peraí, esse trem ta indo pro lado errado. Tá voltando, quer ver? A próxima estação é uma que já passamos. Eita! Droga! Desçamos na próxima e peguemos o trem certo. Será que é nessa plataforma? Pergunta, pergunta... Ali. Opa, tá vindo um. Não parou?! $#@%$$#@

Olha, lá vem outro. Passou direto. Eita, 20 minutos, 35, 47, 52 minutos e a gente aqui! Que desespero. Falta só uma hora pra gente chegar no aeroporto. Corre. Desçamos e corramos... No outro terminal? Ai, meus sais, 10 minutos, 4... 3... 2... chegamos. Só passaram 3 minutos da hora que fecha o check in, vai dar tudo certo. Bom dia! Temos a reserva... O quê?! Mas como? As malas não vão mais? Mas moça, a gente corre pro portão! A gente leva no colo! Não pode? A gente manda num outro vôo! Um tem que ficar? Droga!

Pensa pensa pensa. Vamos sentar e discutir. Aqui não vai ter solução. A má vontade chegou e parou. Meus nervos estão a beira de um ataque. Respira, respira. Bom, tentemos trem. Onde podem nos informar? Na Gare Du Nord, só? Deixa quieto! Procuremos na net. Esse guichê não funciona, nem aquele, nem nenhum. Vamos ligar pro Brasil, ligar pra Dinamarca e avisar que não vai dar pra chegar no horário. Não fazem ligação internacional se não for no mínimo 5 minutos? Como assim? Bom, vamos fazer uma pesquisa. Paris- Copenhagen por favor? 600 euros? 500? 300? Quem dá menos? Não tem mais companhias vendendo. Bom, dos males, o menor (que já é grande o suficiente). Mas o vôo só sai as 15h. Agora é 12h. Vamos comer. Onde? Qualquer lugar, até perdi o apetite. Vamos viajar horas atrasado e ainda fazer escala em Zurique, que é sul daqui pra ir pro norte. Ai ai. Até aqui? Pedi sprite e a mulher me deu coca! Esse aeroporto tem algo contra mim.

Bom, cá estamos em Zurique, no aeroporto, tira moeda, tira líquidos, tira blusa, põe tudo de novo. Estamos ficando craques já! Pronto! Só depois de 8 horas de atraso, cá estamos pousando na capital da Dinamarca.

Peguemos o trem e pronto. Anda e anda um pouco. Ali está a casa do Rumle, nosso anfitrião do Couchsurfing. Riiiing, riiing. Acho que não tem ninguém. Só podia, né? Pra completar o dia, dormimos na rua. O vizinho chegou e nos pergunta o que desejamos. Explico tudo e ele nos leva até sua esposa, que liga pro Rumle. Ele quer que nos encontremos com ele numa estação chamada, ai Jesus, você pode escrever isso? Lá vamos! Olá olá! Prazer! Esse são meus amigos. Sentem, tomem uma cerveja! Que gente legal, bonita e simpática. Fala fala fala, vamos? Estamos um pouco cansados. Esse é meu apê! Nossa, que diferente. Pelo menos uma fotinho hoje. Muito legal! Boa noite, até amanhã!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Diário de bordo – 02-07 - França

Hoje o café foi melhor. Tomei sozinho, pois as pessoas já estavam todas integradas em grupinhos e percebi que elas tendem a ficar menos expansivas nas primeiras horas do dia. Mas aí, até eu. Saímos rumo às ilhas, que já tínhamos visto ao longe ao passearmos de barco. O objetivo central era a igreja Notre-Dame. Saímos metrô em frente de um lindo prédio chamado Hôtel de Ville. De novo foi o guia que nos contou que ali havia sido um hotel, depois a sede da prefeitura e a praça que estávamos era o lugar onde costumavam guilhotinar as pessoas. Mas tudo tão arborizado, tudo tão arrumadinho, cadê o sangue, cadê o climão pesado? Bom, o tempo apaga muitas coisas mesmo. Prossigamos... Achar a igreja daquele ponto não foi difícil. Siga as torres! As ruas meio adormecidas de Paris, portas fechadas, estabelecimentos abrindo, um sol brilhante, mas que ainda não conseguia esquentar de fato. Veja os vitrais, a iluminação específica; cadê o tal do corcunda? Aqui? Ali?

Não tomou café e agora tem fome, né, fio? Bom, procuremos alguma iguaria matinal. Claro! As baguettes! Olha, hora de comprar as lembracinhas. 1 por 7 e 3 por 10? Viva as promoções!

Anda e anda mais pela ilha, explorando as ruas que já começavam a se mostrar mais apinhadas de gente, mais despertas. Hora de sentar e decidirmos pra onde vamos. Poucas opções sobraram, então, por que não vamos a Montmartre? Era um dos meu top 3. Bairro boêmio, algumas atrações interessantes.

De novo o metrô nos auxiliando a chegar onde quer que precisássemos sem muitas complicações. Eu começava a desenvolver uma certa paixão por aquele monte de linhas, nas quais eu já discernia sentidos, sabia onde tinha que descer. O grande medo era exatamente a nudez que era sair de uma estação, ser ejetado daquela felicidade uterina em direção a um mundo estranho, mas cheio de mistérios sedutores.

O primeiro pit-stop, tendo chegado em Montmartre foi um mercadinho, daqueles bem pequeno de bairro. Aquele era nossa primeira aventura em um mercado na França. O objetivo era comprar alguma bebida, mas flanamos pelo mercado olhando para aqueles produtos que eram tão iguais aqui: cereais, bolachas, bebidas, tudo lá, mas com outras marcas e cores, outros formatos. Era uma espécie de jogo procurar e encontrar algum produto que fosse idêntico. Daí, uma amarga confusão lingüística: pamplemousse é... acho que é tangerina,olha a figura. Não. Era grapefruit. Pobre Edgard. Amargou.

Anda pra cá,pralá, achamos o Moulin Rouge e perto dali, o museu do Erotismo.

Todos sabem que sou uma pessoa muito recatada, e não agüento essas sem-vergonhices, mas é tão anormal encontrar por aí um museu sobre o sexo, que dá uma vontadinha de entrar, assim, só levantar a saia e ver o que tem ali. E que museu! Tantas obras que nem falo. Ou falo? Muito falo. Um lugar peculiar e recomendável pra quem quer dar muitas risadas.

Depois de horas de contemplação, decidimos flanar mais pelas ruas, e a fome começava a dar as caras. O Ed quer um restaurante assim com mesinhas na calçada, barato mas simpático. Eis que ao olharmos um, a moça muito prestativa traz o cardápio. Parece ser interessante. E um garçom muito fofo veio nos atender. Ele foi tão prestativo e agüentava meu francês macarrônico com palavras de incentivo. Queria fazer o almoço demorar horas e horas. Talvez até a hora do jantar. Mas, o passeio deve continuar.



Sobe, sobe, sobe. A rua chamava Lepic por era assim, você respirava e pá, pegava o pique... pra uma cidade plana, a região de Montmartre é bem cheia de sobes e desces. Mas ó, as ladeiras de Ouro Preto iam dar risada da cara das ladeiras dali. São retas meio inclinadinhas!



Sobe sobe sobe. Chegamos no alto do morro. Nem suando a gente tava e olha que tava um calor!

Outra igreja, era a Sacre-coeur! Dá uma volta, ave-maria, não pode tirar foto, amém.

Reclamou pra subir,mas aqui estamos, e pra descer, tem o Funiculaire. È um vagãozinho todo de vidro, que aceita o bilhete do metrô e leva as pessoas pra cima e pra baixo. Aqui todo santo ajudaria, mas vamos apelar pra tecnologia.

Na saída da longa jornada de 200m, desembocamos numa praça onde encontramos uns músicos de rua. Vamos parar pra ouvir? Nossa, não era somente música, eles recitam, dançam, era uma performance completa, uma espécie de teatro mágico de rua da França. (não conhece o teatro mágico? Não sabe o que tá perdendo)

Compro o CD e ainda faço questão de pedir pros mais “simpáticos” autografarem pra mim. Vai virar presente...



Andando mais, saímos numa rua cheia de gente e produtos baratos e coloridos. Noooossa! 25 de março, versão francesa! Adorei, mais presentinhos...

Depois, decidimos que vamos sair de balada de noite. Mas pra onde? Já sei, um guia nos diz que um centro de apoio pode nos informar de tudo que tá rolando na cidade... Vamos lá, metrô, olha ali a Bastilha! Corre, vai fechar. Boa tarde, não é aqui o centro... ah, mudou? Pra onde? Não sabe? Vamos pra net. Ah, do outro lado da cidade? Corre. Chegamos? É aqui? Ufa, merci beaucoup!

Vamos pra onde? Terminar o dia mergulhando os pés na fonte do Louvre, dando um banho nas mil bolhas que ali haviam se formado. Ufa, que alívio!

Vamos aos jardins de novo? Quanta gente e quanta alegria. Que cansado! Vamos pra balada? Que balada, o quê... Quero mais é dormir! Mas antes, vamos comer? Tá fechado? Brigada! Mas é só meia-noite... Fechado? Opa! 5 minutos pra fechar a cozinha! Escolhe, pede, ufa! Esse cozinheiro deve estar nos odiando. Quase pronto pra sair e tem que voltar pro fogão. Ah, vcs tem a bebida vermelha? Monaco? Essa! Delícia! Scargot? Ui... é carpaccio com gosto de terra. Frango ao molho de mel? Dilíça! Bom, acho que por hoje é só, não?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Diário de bordo - dia 01-07 - França

De novo o albergue na França. Nosso primeiro café da manhã! Ah, Jules Ferry! Tinha uma senhora ali servindo, que coisa estranha pra um albergue. Normalmente o que encontramos é um funcionário que vem e alimenta os potes, enche as garrafas, essas coisas. Suco, pão, papinha de maçã (uma tal de compote)... Mais um suco? Não pode... Só um de cada, não pode repetir nada. Ah, agora entendi porque a donzela era tão mal-encarada. Não pode pegar dois sucos e não pegar café com leite? Não? Tá bom, dá um café aí...
Bom, vamos ao que interessa. Estamos aqui e precisamos andar pra cá e pra lá tirando mil fotos, nem que seja pra dizer que estivemos ali. Primeira parada a torre. Mas pra que lado fica? Pega o guia, sim? Olha, um senhor nos pergunta em inglês se pode nos ajudar. Opa, queremos ir pra torre. Acompanhar o senhor, mas claro. Ele nos levou até o metrô e ficou conversando. Perguntamos por sugestões pra passeios legais, ele comentou da família e perguntou do Brasil. Adeus! Puxa, e tinham me dito que os franceses eram rudes. Acho que só o pessoal do albergue mesmo.
Ao chegar na torre, que surpresa! Era tão mais alta e imponente do que parece nas fotos. E subir de elevador, todo transparente, nossa que sensação vertiginosa. E viu-se que era mesmo um torre de Babel... tantas línguas diferentes, tantas caras diferentes. Gente bonita, gente feia, gente descolada, gente mal-educada.
Andando pra lá e pra cá, vimos o parque e fomos parar num lindo bairro de ruas alamedas cheias de árvores e de um respeito secular. Eis num lindo prédio com uma abóboda de ouro... é igreja? Não, com esse fosso? Segundo o guia diz que era um hospital pros soldados feridos. Les Invalides! Depois virou manicômio. Vixe, se entrarmos, será que sairemos? Mas tem jardins tão lindos. Fiquemos no jardim, não por medo, mas por precaução... ;)


Depois, começa a bater a fome. Vamos procurar a Champs e dar uma voltinha lá. Dizem que é tão chique. Que sol do caramba, torrando a minha mente. Ainda bem que passei filtro solar. Nossa, ali é o Arco. Era essa a Champs-Elysee?
Bom, procuremos um restaurante. Ei! Ali não é tão caro.. vamos que vamos. Ele não vai nos atender? Estamos esperando há uns 10 minutos? Ele nem vai perguntar o que queremos? Mesa o quê? Merda de música alta, não dá pra fingir que entendi o francês que ele resmungou.... ahhh espera mesa vagar. Nossa, como ele quebra copos. Espera e espera e espera e lá vem o prato. Bom, nada mal pra quem não tá acostumado com cordeiro. Me lembre de não voltar mais aqui, sim?
Bom, vamos no arco, tira uma foto, vamos?
Agora chegou a hora do museu, certo? Vamos ao d'Orsay... me disseram que era melhor que o Louvre. Oi, quanto custa? sim, tenho menos de 30 anos. Ok, 5 euros. Entao Ed, comprou? pagou 8,80? mas você tem menos de 30... vai la trocar...
Puxa, quanta obra legal, quanta coisa interessante. Viva a arte!
Mas chega, né? Vamos? Olha, uma loja de doces... cada doce lindo... tira foto, é uma obra de arte.
Vamos degustá-los no parque? Só atravessar o rio. Dizem que esse parque é um point. Tuileries.
Ah, a natureza! mas que cheiro de bosta... ah, vamos sentar contra o vento porque ali tem o cara com os poneis pra passeio...
Mas ainda dá rpa fazer alguma coisa? Vamos andar de barco pelo Sena, vendo todos os lugares que vamos a amanhã! Ufa, quase 20h, a ultima viagem... olha ali, ola acolá...
Vamos descer no Louvre? Mas tá fechado... Tudo bem, falei pra minha mãe que ia no Louvre, mas dá pra tirar umas fotos da fachada e dizer que não pode tirar foto dentro. E dizer que a monalisa é muito enigmática... Pronto. Feitas as fotos (pobre mamãe), quanta gente sentada nos jardins, na fonte, vendo o fim da tarde? Fim da tarde? são quase 22h e o sol está se pondo?!?
Que bucólico, que paz, que lindo ver as pessoas ali conversando, namorando, vendo a vida passar bem devagar. Mas a que preço? Por que mais pessoas não podiam estar ali? Bom, mas uma coisa é certa, aqui nos jardins parece haver mais alegria do que lá dentro.

domingo, 26 de julho de 2009

Diário de bordo - 30-06 – França

Chegamos ao aeroporto e não foi difícil encontrar o trem. Um pouco mais caro que dizia o guia de viagens (ok, bem mais caro), compramos um ticket que valia para os três dias e lá fomos ao trem. A cada estação, estranhávamos o tipo de pessoa que ia entrando, afinal, viemos à frança ou à Jamaica? Não apenas pela quantidade de negros, mas pela sua forma de interagirem, se vestirem. Não, não era aquilo que víamos na televisão. Mas não era uma má visão, de forma alguma.

Descendo na Gare Du Nord, impressão continuava a mesma. Peguemos o metrô. Saindo na Republique, eis que finalmente estamos em Paris! O ar é diferente, a iluminação... Sentimos que ao andar na rua, as pessoas, por mais prosaicas que estejam, tem um certo ar de glamour, uma aura, que não é apenas mítica. Procura, procura e procura o albergue mais uma vez. Lá está. Uma moça carrancuda nos atende, pede poucas informações. O quarto está ali, boa sorte, se virem. Bom, o quarto é legal, com umas 6 camas, estamos só nós, será que ficaremos só nós? As câmeras estão ambas sem carregar, tudo bem. É só colocar na tomada. Na tomada? Alguém tinha dito que as tomadas seriam diferentes, mas tanto assim? Vamos, busca-se um adaptador. Devem ter aqui no albergue. Calma, moça, não precisa me morder. Aqui, ali, nenhuma loja de material elétrico possuía o adaptador que queríamos. Bom, talvez no aeroporto, alguém nos disse. E eis que nos vemos de volta ao aeroporto antes do que queríamos ou prevíamos estar. Olha a loja, anda, corre, entramos, olha... tá fechando, fechou... ufa, ainda bem que a gente conseguiu entrar... tem, moça? Olha, esse mesmo. Obrigado. Ufa! Quase ficamos sem fotos da França, já pensou?

De volta ao albergue, temos novos amigos de quarto. As outras 4 camas foram tomadas. Sorte que deixamos umas coisas marcando território. Olha, olá, meu nome é Elton, você é de onde? Ah, Espanha? Que rico!!! E você? Ah Marselha? Enchanté! Bom, vamos dar uma volta? Mas nada de ir tão longe, o peso de ter voado tanto tempo está caindo sobre nós como um leve manto. Ali tem um café. Quero uma bebida vermelha que vi ao passar por outro café. La bière rouge... rouge... não tem? Me dá um suco de abacaxi então. Que, Edgard? Ah, ali atrás tem um moço com a bebida vermelha? Sim, é aquela. Mas deixa pra lá... acho que aqui o vermelho aqui tem outro nome. Quero dormir!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Setting out



Then I take the old amateurish harp from under the bed.
I feel the dust moving out of its surface and sticking to my finger.
It was my great-grandmother's, I wonder.
Now, it accidentally belongs to me.
I look at that wooden box, the wires seeming to yearn for some rust to eat them.
Maybe tired of having been streched since what? the 40's?
I look at the hole in the middle of that trapezoid, hollow. Is that a mirror?
I reach out for a sheet. Do you really think I can play it without following the guidelines?
It's the one. That one. I place the lines on the paper under the wires and I place the tip of my right index finger against the chord.
Now, I just have to follow the dotted line, note after note.
Tan, tan, ran, ran, ran...
My mind withdraws and I see him in front of me.
This makes the distance increase. Who are you, stranger that I love?
Why did we get away? How come?
And you, that should be the one to protect me and care for me, throwing words like darts.
They pierce and I cringe.
Your hands are so cold. You look so thin.
I wish things were like they used to be.
I guess it's too much wishing.
Tan, tan, ran, ran, ran.

And as he vanishes I see her.
The one who should be something else.
The one who made me change
Up to a point I was lost and found.
She who moved mountains and was still a moaning baby.
She from her pedestal was strangely still looking up to me.
She just excused, mumbled some words, it's better if..., we'd better stop...
I bowed. I said I agree, you always know what's right and hugged her, so that she could not see the tears running down my face. They would probably make her hair and shoulder wet. But we only notice what our desire allows.
Why are you avoiding the mirror, my friend? Why is your handshake so feeble?
Tan, ran, ran, ran,
ran, ran
ran, ran
Tan, ran, ran, ran,tan
Tan, ran, tan, tan, tan


Suddenly, I see them no more.
I feel the warmth and I have to use my hands to protect my eyes from the blinding light.
I am the new Elijah
I savor the past, feast on scraps of what people did to hurt me.
It's so inviting, womb-like.
I climb one step. I stop to give them a chance to say goodbye.
Another one, and I am already grasping the sense that my soul is striping off some feelings.
(but I am here in my mold?)
I penetrate this chariot of fire, softly, gently, as if it was home.
Where to? the angelical conductor asks in a mellow voice, firm but melancholic.
He sees it as clearly as I do.
To the old continent, please.