domingo, 11 de outubro de 2015

Acidentes

Ontem eu fui dormir, pensando no que
Passamos.
Uma luz tremelicava, na verdade, luzes
artificiais
Que passavam sobre a minha cabeça como flashes
enquanto
Empurram a maca. Ouvindo sirenes, e o som das suas
Lágrimas.
Chorava junto, ainda que por dentro, amortecido pela
Anestesia.

Hoje eu acordei, refletindo sobre a sua
Fragilidade
Que se amalgama com a minha e cria um corpo
Deformado
De um bicho sem espécie definida que nos
Definha.
Mas ele canta num grito alto, agudo, primitivo
Incontornável.
Um monstro verde, fogo-fátuo, cujo beijo me custou
A língua.

Amanhã eu vou acordar, com um gosto ruim
Na boca.
Das palavras que eu disse e não deveria ter
Dito.
Das desculpas aceitas pro forma, do suportável
Que não
Era nada disso. Do gosto da saudade daquilo que
Tínhamos.
Vou sentir o pó dos escombros, de um muro erigido tijolo
a tijolo.
A dor nas narinas, dificuldade de respirar, tudo culpa da
Wrecking ball.
E vou rezar pra vermos com mais clareza quando a poeira

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