quarta-feira, 29 de julho de 2009

Diário de bordo – 02-07 - França

Hoje o café foi melhor. Tomei sozinho, pois as pessoas já estavam todas integradas em grupinhos e percebi que elas tendem a ficar menos expansivas nas primeiras horas do dia. Mas aí, até eu. Saímos rumo às ilhas, que já tínhamos visto ao longe ao passearmos de barco. O objetivo central era a igreja Notre-Dame. Saímos metrô em frente de um lindo prédio chamado Hôtel de Ville. De novo foi o guia que nos contou que ali havia sido um hotel, depois a sede da prefeitura e a praça que estávamos era o lugar onde costumavam guilhotinar as pessoas. Mas tudo tão arborizado, tudo tão arrumadinho, cadê o sangue, cadê o climão pesado? Bom, o tempo apaga muitas coisas mesmo. Prossigamos... Achar a igreja daquele ponto não foi difícil. Siga as torres! As ruas meio adormecidas de Paris, portas fechadas, estabelecimentos abrindo, um sol brilhante, mas que ainda não conseguia esquentar de fato. Veja os vitrais, a iluminação específica; cadê o tal do corcunda? Aqui? Ali?

Não tomou café e agora tem fome, né, fio? Bom, procuremos alguma iguaria matinal. Claro! As baguettes! Olha, hora de comprar as lembracinhas. 1 por 7 e 3 por 10? Viva as promoções!

Anda e anda mais pela ilha, explorando as ruas que já começavam a se mostrar mais apinhadas de gente, mais despertas. Hora de sentar e decidirmos pra onde vamos. Poucas opções sobraram, então, por que não vamos a Montmartre? Era um dos meu top 3. Bairro boêmio, algumas atrações interessantes.

De novo o metrô nos auxiliando a chegar onde quer que precisássemos sem muitas complicações. Eu começava a desenvolver uma certa paixão por aquele monte de linhas, nas quais eu já discernia sentidos, sabia onde tinha que descer. O grande medo era exatamente a nudez que era sair de uma estação, ser ejetado daquela felicidade uterina em direção a um mundo estranho, mas cheio de mistérios sedutores.

O primeiro pit-stop, tendo chegado em Montmartre foi um mercadinho, daqueles bem pequeno de bairro. Aquele era nossa primeira aventura em um mercado na França. O objetivo era comprar alguma bebida, mas flanamos pelo mercado olhando para aqueles produtos que eram tão iguais aqui: cereais, bolachas, bebidas, tudo lá, mas com outras marcas e cores, outros formatos. Era uma espécie de jogo procurar e encontrar algum produto que fosse idêntico. Daí, uma amarga confusão lingüística: pamplemousse é... acho que é tangerina,olha a figura. Não. Era grapefruit. Pobre Edgard. Amargou.

Anda pra cá,pralá, achamos o Moulin Rouge e perto dali, o museu do Erotismo.

Todos sabem que sou uma pessoa muito recatada, e não agüento essas sem-vergonhices, mas é tão anormal encontrar por aí um museu sobre o sexo, que dá uma vontadinha de entrar, assim, só levantar a saia e ver o que tem ali. E que museu! Tantas obras que nem falo. Ou falo? Muito falo. Um lugar peculiar e recomendável pra quem quer dar muitas risadas.

Depois de horas de contemplação, decidimos flanar mais pelas ruas, e a fome começava a dar as caras. O Ed quer um restaurante assim com mesinhas na calçada, barato mas simpático. Eis que ao olharmos um, a moça muito prestativa traz o cardápio. Parece ser interessante. E um garçom muito fofo veio nos atender. Ele foi tão prestativo e agüentava meu francês macarrônico com palavras de incentivo. Queria fazer o almoço demorar horas e horas. Talvez até a hora do jantar. Mas, o passeio deve continuar.



Sobe, sobe, sobe. A rua chamava Lepic por era assim, você respirava e pá, pegava o pique... pra uma cidade plana, a região de Montmartre é bem cheia de sobes e desces. Mas ó, as ladeiras de Ouro Preto iam dar risada da cara das ladeiras dali. São retas meio inclinadinhas!



Sobe sobe sobe. Chegamos no alto do morro. Nem suando a gente tava e olha que tava um calor!

Outra igreja, era a Sacre-coeur! Dá uma volta, ave-maria, não pode tirar foto, amém.

Reclamou pra subir,mas aqui estamos, e pra descer, tem o Funiculaire. È um vagãozinho todo de vidro, que aceita o bilhete do metrô e leva as pessoas pra cima e pra baixo. Aqui todo santo ajudaria, mas vamos apelar pra tecnologia.

Na saída da longa jornada de 200m, desembocamos numa praça onde encontramos uns músicos de rua. Vamos parar pra ouvir? Nossa, não era somente música, eles recitam, dançam, era uma performance completa, uma espécie de teatro mágico de rua da França. (não conhece o teatro mágico? Não sabe o que tá perdendo)

Compro o CD e ainda faço questão de pedir pros mais “simpáticos” autografarem pra mim. Vai virar presente...



Andando mais, saímos numa rua cheia de gente e produtos baratos e coloridos. Noooossa! 25 de março, versão francesa! Adorei, mais presentinhos...

Depois, decidimos que vamos sair de balada de noite. Mas pra onde? Já sei, um guia nos diz que um centro de apoio pode nos informar de tudo que tá rolando na cidade... Vamos lá, metrô, olha ali a Bastilha! Corre, vai fechar. Boa tarde, não é aqui o centro... ah, mudou? Pra onde? Não sabe? Vamos pra net. Ah, do outro lado da cidade? Corre. Chegamos? É aqui? Ufa, merci beaucoup!

Vamos pra onde? Terminar o dia mergulhando os pés na fonte do Louvre, dando um banho nas mil bolhas que ali haviam se formado. Ufa, que alívio!

Vamos aos jardins de novo? Quanta gente e quanta alegria. Que cansado! Vamos pra balada? Que balada, o quê... Quero mais é dormir! Mas antes, vamos comer? Tá fechado? Brigada! Mas é só meia-noite... Fechado? Opa! 5 minutos pra fechar a cozinha! Escolhe, pede, ufa! Esse cozinheiro deve estar nos odiando. Quase pronto pra sair e tem que voltar pro fogão. Ah, vcs tem a bebida vermelha? Monaco? Essa! Delícia! Scargot? Ui... é carpaccio com gosto de terra. Frango ao molho de mel? Dilíça! Bom, acho que por hoje é só, não?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Diário de bordo - dia 01-07 - França

De novo o albergue na França. Nosso primeiro café da manhã! Ah, Jules Ferry! Tinha uma senhora ali servindo, que coisa estranha pra um albergue. Normalmente o que encontramos é um funcionário que vem e alimenta os potes, enche as garrafas, essas coisas. Suco, pão, papinha de maçã (uma tal de compote)... Mais um suco? Não pode... Só um de cada, não pode repetir nada. Ah, agora entendi porque a donzela era tão mal-encarada. Não pode pegar dois sucos e não pegar café com leite? Não? Tá bom, dá um café aí...
Bom, vamos ao que interessa. Estamos aqui e precisamos andar pra cá e pra lá tirando mil fotos, nem que seja pra dizer que estivemos ali. Primeira parada a torre. Mas pra que lado fica? Pega o guia, sim? Olha, um senhor nos pergunta em inglês se pode nos ajudar. Opa, queremos ir pra torre. Acompanhar o senhor, mas claro. Ele nos levou até o metrô e ficou conversando. Perguntamos por sugestões pra passeios legais, ele comentou da família e perguntou do Brasil. Adeus! Puxa, e tinham me dito que os franceses eram rudes. Acho que só o pessoal do albergue mesmo.
Ao chegar na torre, que surpresa! Era tão mais alta e imponente do que parece nas fotos. E subir de elevador, todo transparente, nossa que sensação vertiginosa. E viu-se que era mesmo um torre de Babel... tantas línguas diferentes, tantas caras diferentes. Gente bonita, gente feia, gente descolada, gente mal-educada.
Andando pra lá e pra cá, vimos o parque e fomos parar num lindo bairro de ruas alamedas cheias de árvores e de um respeito secular. Eis num lindo prédio com uma abóboda de ouro... é igreja? Não, com esse fosso? Segundo o guia diz que era um hospital pros soldados feridos. Les Invalides! Depois virou manicômio. Vixe, se entrarmos, será que sairemos? Mas tem jardins tão lindos. Fiquemos no jardim, não por medo, mas por precaução... ;)


Depois, começa a bater a fome. Vamos procurar a Champs e dar uma voltinha lá. Dizem que é tão chique. Que sol do caramba, torrando a minha mente. Ainda bem que passei filtro solar. Nossa, ali é o Arco. Era essa a Champs-Elysee?
Bom, procuremos um restaurante. Ei! Ali não é tão caro.. vamos que vamos. Ele não vai nos atender? Estamos esperando há uns 10 minutos? Ele nem vai perguntar o que queremos? Mesa o quê? Merda de música alta, não dá pra fingir que entendi o francês que ele resmungou.... ahhh espera mesa vagar. Nossa, como ele quebra copos. Espera e espera e espera e lá vem o prato. Bom, nada mal pra quem não tá acostumado com cordeiro. Me lembre de não voltar mais aqui, sim?
Bom, vamos no arco, tira uma foto, vamos?
Agora chegou a hora do museu, certo? Vamos ao d'Orsay... me disseram que era melhor que o Louvre. Oi, quanto custa? sim, tenho menos de 30 anos. Ok, 5 euros. Entao Ed, comprou? pagou 8,80? mas você tem menos de 30... vai la trocar...
Puxa, quanta obra legal, quanta coisa interessante. Viva a arte!
Mas chega, né? Vamos? Olha, uma loja de doces... cada doce lindo... tira foto, é uma obra de arte.
Vamos degustá-los no parque? Só atravessar o rio. Dizem que esse parque é um point. Tuileries.
Ah, a natureza! mas que cheiro de bosta... ah, vamos sentar contra o vento porque ali tem o cara com os poneis pra passeio...
Mas ainda dá rpa fazer alguma coisa? Vamos andar de barco pelo Sena, vendo todos os lugares que vamos a amanhã! Ufa, quase 20h, a ultima viagem... olha ali, ola acolá...
Vamos descer no Louvre? Mas tá fechado... Tudo bem, falei pra minha mãe que ia no Louvre, mas dá pra tirar umas fotos da fachada e dizer que não pode tirar foto dentro. E dizer que a monalisa é muito enigmática... Pronto. Feitas as fotos (pobre mamãe), quanta gente sentada nos jardins, na fonte, vendo o fim da tarde? Fim da tarde? são quase 22h e o sol está se pondo?!?
Que bucólico, que paz, que lindo ver as pessoas ali conversando, namorando, vendo a vida passar bem devagar. Mas a que preço? Por que mais pessoas não podiam estar ali? Bom, mas uma coisa é certa, aqui nos jardins parece haver mais alegria do que lá dentro.

domingo, 26 de julho de 2009

Diário de bordo - 30-06 – França

Chegamos ao aeroporto e não foi difícil encontrar o trem. Um pouco mais caro que dizia o guia de viagens (ok, bem mais caro), compramos um ticket que valia para os três dias e lá fomos ao trem. A cada estação, estranhávamos o tipo de pessoa que ia entrando, afinal, viemos à frança ou à Jamaica? Não apenas pela quantidade de negros, mas pela sua forma de interagirem, se vestirem. Não, não era aquilo que víamos na televisão. Mas não era uma má visão, de forma alguma.

Descendo na Gare Du Nord, impressão continuava a mesma. Peguemos o metrô. Saindo na Republique, eis que finalmente estamos em Paris! O ar é diferente, a iluminação... Sentimos que ao andar na rua, as pessoas, por mais prosaicas que estejam, tem um certo ar de glamour, uma aura, que não é apenas mítica. Procura, procura e procura o albergue mais uma vez. Lá está. Uma moça carrancuda nos atende, pede poucas informações. O quarto está ali, boa sorte, se virem. Bom, o quarto é legal, com umas 6 camas, estamos só nós, será que ficaremos só nós? As câmeras estão ambas sem carregar, tudo bem. É só colocar na tomada. Na tomada? Alguém tinha dito que as tomadas seriam diferentes, mas tanto assim? Vamos, busca-se um adaptador. Devem ter aqui no albergue. Calma, moça, não precisa me morder. Aqui, ali, nenhuma loja de material elétrico possuía o adaptador que queríamos. Bom, talvez no aeroporto, alguém nos disse. E eis que nos vemos de volta ao aeroporto antes do que queríamos ou prevíamos estar. Olha a loja, anda, corre, entramos, olha... tá fechando, fechou... ufa, ainda bem que a gente conseguiu entrar... tem, moça? Olha, esse mesmo. Obrigado. Ufa! Quase ficamos sem fotos da França, já pensou?

De volta ao albergue, temos novos amigos de quarto. As outras 4 camas foram tomadas. Sorte que deixamos umas coisas marcando território. Olha, olá, meu nome é Elton, você é de onde? Ah, Espanha? Que rico!!! E você? Ah Marselha? Enchanté! Bom, vamos dar uma volta? Mas nada de ir tão longe, o peso de ter voado tanto tempo está caindo sobre nós como um leve manto. Ali tem um café. Quero uma bebida vermelha que vi ao passar por outro café. La bière rouge... rouge... não tem? Me dá um suco de abacaxi então. Que, Edgard? Ah, ali atrás tem um moço com a bebida vermelha? Sim, é aquela. Mas deixa pra lá... acho que aqui o vermelho aqui tem outro nome. Quero dormir!