segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sobre o amor


Dia desses minha irmãzinha noivou. Ela pediu pra eu escrever palavras bonitas, como costumo fazer pras ocasiões especiais da família. Acabei esquecendo, mas no dia, com o clima todo de festa, sentei e escrevi. De coração. Saiu isso, com pequenas modificações aqui. Vai meu tributo a ela que é uma flor de pessoa e um amor de irmã. Sempre foi.


Discurso do noivado da May

No universo que vivemos, como já diria Lavoisier, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. E essas transformações criam energias que fluem, voam, nos atravessam, nos formam, nos abandonam. E não o magnetismo, nem o calor, uma das energias mais fortes que existem é definitivamente o amor. Temos o amor próprio, que implica a auto preservação. Igualmente, há o amor pelos outros, em todos os aspectos que ele pode ter: pela nossa família, que sempre nos dá apoio, conforto e carinho; amor pelo próximo, pessoas a quem podemos ajudar de alguma forma. Por fim, uma das manifestações mais interessantes do amor, e a que nos motiva estarmos juntos no dia de hoje, é o sentimento nobre que reúne duas almas afins.
Por um acidente do destino, por uma escolha, através de pessoas-pontes, que nos ligam a outras e passam, somos atraídos e repelidos, somos levados e podemos conduzir. Sorrimos e abraçamos. Dançamos de acordo com a música, ora freneticamente frevoliando, ora quase milimetricamente pra lá e pra cá no ritmo da valsa. Ora vagarosa, languidamente ao choro dos violões um tango argentino. E nesse sorrir e nesse dançar, o mundo girando, surge a paixão.
E a paixão como um rio em cheia, passa e arrasta, destrói, reconfigura. Logo ao baixar, fecunda as margens, traz a fartura e alimenta. O rio bravo da paixão, sentimento este que de tão forte pode romper diques e queimar como o sol do meio-dia, enternece e se transfigura em uma nova coisa. Vira amor. Amor de companhia, de conversas juntos, de telepatia.
Porém, não devemos ter a ilusão doce que apenas coisas boas vão brotar com o amor. Mesmo se for um mar de rosas, certamente terá os seus espinhos. E como um jardineiro fiel, o grande segredo jaz em vivenciar tais espinhos, retirar as folhas velhas, amareladas, discutir, regar constantemente e encontrar alternativas. Ceder e se impor. Balancear o yin e o yang. Conhecer a si mesmo e ao outro. Entender seus limites e querer sempre ultrapassá-los juntos. Acreditar sempre. Eu, por exemplo, acredito no amor que hoje todos nutrem por esse casal. Acredito no amor que um dedica outro, que salta aos olhos, firme e seguro. E acredito acima de tudo que serão muito felizes.