sexta-feira, 27 de março de 2009

Starless Sky (yet it feels like home)

O menino não pode ver nenhuma estela nessa noite nublada e fria. Nessa noite em sua alma. Ele sabe que elas estão lá, mas ele perde o norte e se sente desamparado, posto que ele pensa que elas igualmente não podem olhar por ele.

Ele não enxerga o caminho e não sabe por onde começar. Só escuta os murmúrios da noite. Sons que viram formas disformes na sua cabeça. Seus pensamentos lagarticham, pois, em perigo, desembestam para o infinito deixando apenas o rabo.

O menino se lembra de surpresa, da descoberta e percebe que falou. Pobre menino! Ele tateia no escuro por um rosto que nunca esteve La, nem nunca vai estar. Ele se acalma e ri.

Mas o menino vê dois vaga-lumes dançando na noite. Eles se aproximam e se repelem, numa dança silenciosa. O brilho dos insetinhos o lembra dos olhos dele. Sua imagem, seu sorriso franco e sua boca luxuriosa. Aquele que foi de verdade.

O menino respira fundo. Planta uma lágrima na palma da mão e ela vira um gênio, rodopiando, curioso, sem limites, se dissipa.

Ele sabe que o que é solido desmancha no ar, e o que está no ar vira pensamento e poesia. O menino, então, vibra e se derrete. Ele sorrindo, futuriza, na torcida que seu futuro seja o delicioso e completo fracasso de seu presente.