sábado, 8 de agosto de 2009

Diário de bordo - dia 04-07 – Copenhagen

Acordei depois do sol já estar forte no quarto onde ficamos. Uma cama alta e confortável, travesseiros com penas de gansos, ficamos muito agradecidos pelo amigo do nosso anfitrião ter nos cedido não apenas seu quarto, mas também sua cama. O Ed já havia partido para suas aventuras no grande festival na cidade de Roskilde e eu havia ficado para algumas aventuras na capital.

Acordamos, eu e o Rumle e fomos tomar um café fora. Ele me levou num lugar bem chique e o café foi muito gostoso, mas bem caro. Depois, fomos dando umas voltas, pelas redondezas da casa dele, vendo igrejas, estátuas e o que mais houvesse pra ser visto e fotografado por ali.



Daí, ele disse que teria que trabalhar e que se eu quisesse explorar a cidade por mim mesmo, tudo bem. Voltamos pra casa dele e seus três amigos chegaram para que eles pudessem ensaiar. Depois de algum ensaio, a banda foi para a rua e começou a tocar um, duas, dez músicas de seu repertório. O dia estava ensolarado e muitas pessoas, turistas principalmente, caminhavam pelas ruas. Depois de umas duas horas e chapéu cheio, um homem havia vindo conversar com eles. Haviam sido contratados para tocar em um restaurante, ali virando a esquina. Desmonta tudo e lá vamos nós para o restaurante. Como não toco nenhum instrumento, fiquei meio que de fora, fotografando a banda, filmando e dando um suporte. Também no restaurante, ajudei a montar as coisas, e fiquei ali, sentado junto com a banda, sendo até mesmo apresentado como o mascote dela.



No meio do show, eis a surpresa: um dos garotos, o Louis, me convidou para dizer algumas coisas em português para que eles pudessem ouvir um pouco da sonoridade do português. Peguei o microfone e ao som de uma bossa nova, tentei buscar alguma música que eu soubesse cantar. Veio uma qualquer, uma que eu nem sabia a letra inteira, do Chico, e daí ia completando as lacunas com frases de minha criação. Fui me deixando levar e em vez de recitar, fui cantando, cantando... Todos aplaudiram e a banda me incentivou com gestos de aprovação. Finalmente, eles voltaram para frente da casa do Rumle, tocaram mais meia hora. Dessa vez, peguei um dos instrumentos, um pandeirinho, e me sentei junto com a banda e acompanhava, buscando não atrapalhá-los. Mas eles estavam cansados já, dividiram o dinheiro e foi cada um para seu lado.

Alguns dos meninos ficaram e conversamos de ir até um certo lugar da cidade pra nadar. Como o dia havia sido bem quente, aceitei. Mas como iríamos? Discutiram: eu alugaria uma bicicleta turística e iríamos pedalando. Mas onde estão essas bicicletas, em nenhum lugar próximo da casa dele havia nenhuma. Como todos estavam com os pneus murchos, não podia ir na garupa de nenhum deles, mas o Marko, amigo mais doidinho teve uma ideia: eu sentaria no seu guidão e encostaria meu corpo contra o dele, assim ele me levaria de boa. Foi uma luta montar, mas assim que me achei, e ele também partimos. Todos nas ruas olhavam a gente passar, e eu pensava que talvez aquilo fosse algo não tão comum quanto ele havia me dito ser. Estava curtindo a brisa, quando de repente sinto algo escorregando do meu bolso e caindo no meio da avenida. Era só minha máquina fotográfica, sem capinha. Esqueci dela ali e o bolso era raso.

Pulei da bicicleta e corri no meio da avenida, para surpresa dos meninos, e ferindo meu pé no ato, mas consegui pegar a câmera que nada havia parecido sofrer, estoicamente caída em alta velocidade.
Segui os meninos a pé, achamos uma bicicleta de turistas, mas ela estava quebrada. Nesse quesito a prefeitura deixou a desejar. No fim, chegamos a um rio, e parte dele havia sido cercado e algumas plataformas de madeira formavam piscinas. Muitas pessoas se banhavam, famílias, círculos de amigos, parecia mesmo uma praia no gramado. Entramos, nadamos um pouco, mas logo saímos. Fomos para o gramado e ficamos conversando. O Rumle dormitava um pouco. Comemos comida japonesa e batemos mil papos sobre a cidade e sobre nós.



Daí, o Ed ligou. Tinha voltado hoje e queria que fossemos buscá-lo na estação. Seguimos até lá. De lá, decidimos ir até Christiania. É uma coisa: não sei se a palavra bairro, vila, cidade, comunidade, qualquer uma delas não dá conta do lugar. Você entra por uns portais, na frente escritos Christiania e atrás escrito, você está retornando à União Européia. Os meninos foram nos contando que ali era uma base militar que foi tomada pelos hippies e anarquistas nos anos 1970 e agora servia de moradia, com casas de arquitetura duvidosa, psicodélicas, e que o governo não infuenciava em nada ali, ou seja, os moradores não pagavam pelas terras. Demos uma volta e achamos um lugar, no telhado de uma casa pra vermos o sol se por às 22h. Conversamos sobre violência, sobre drogas, sobre tudo que aquele lugar inspirador trazia à mente. Mas o cansaço já começava a bater. Decidimos voltar pra casa, mas vimos que o Rumle e os meninos estavam se divertindo. Conversei com ele e ele foi um cavalheiro. Nos deu as chaves e nos ensinou a voltar de metrô. Logo na sequência, umas duas horas, ele estava em casa já. Cama!

3 comentários:

  1. Hey kid,
    hahahaha, taí uma coisa que eu queria ver:^voce cantando Chico Buarque e passeando no guidão da bicicleta pelo centro de Copenhagen,hahahaha:)Deve ter sido uma cena e tanto pra população local.
    Adorei este café da manhã da foto!!
    kisses

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  2. Oi Elton!

    Nossa, não sabia que você estava viajando nas Europas! ahuahau =)

    Adoro ler os diários de bordo das pessoas, é como se a gente nunca fosse ver nada igual, porque conheci um pouco dessa cidade através dos seus olhos e comentários.

    Mas, num sabia que era cantor hein!

    Aproveita bastante!

    Bjão!

    Vânia

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  3. História legal! Melhor ainda contada ao vivo por esse menino tão divertido. Mas, meu, é impressão minha ou Roskilde é nome meio sugestivo para esse festival!!Tsc tsc

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