O menino anda pelas ruas vazias e silenciosas da cidade do morango em uma manhã qualquer. Ele segue seu caminho, subindo avenidas e ouvindo seus pensamentos, alto e claro. Uma gota segue a outra e avisa o menino que ele terá problema. E uma a uma cada gota vai caindo e vai destruindo a beleza do seu caminhar, que se apressa, temendo molhar mais que seu corpo e seus pertences. Novamente a chuva inesperada, sem aviso, sem anúncio.
A chuva vai molhando os cabelos recém-cortados do menino, e vão colando sua roupa ao seu corpo, um tremor o faz quase parar de caminhar, mas ele não sabe se é do vento frio que sopra do norte ou se é de dentro.
O menino sente vontade de matar. Sente vontade de gritar e destruir o silêncio que só é quebrado pelo som dos cachorros, sinfonia canina e cândida. Mas ele se acalma e pensa, ah seu eu fosse um catchorro.
Ele caminha e tenta não tropeçar nas próprias metáforas. Planeja e arquiteta acordos, movimentos, alianças. Ele se vê confuso, de tal forma que nem mesmo a conversa que tem com a anciã, aquela que sabe tudo, ou quase tudo, ele sai de lá do mesmo jeito que entrou, mas mais ímpio.
O menino decide coisas, que ele sabe que vai desdecidir depois. Ele vive e percebe que a vida é corda bamba. Tão fácil perder a concentração e balançar. Tão fácil errar o pé e se ver sem chão, ou cordão. Tão fácil fingir e tingir tudo com as cores da França – vide a trilogia do Kieslowski. Se a liberdade é azul e a igualdade é branca, de que cor é o amor?
O menino ímpio na espiral da Vida é um menino fodido. Vagueia pelo passado e se dá conta que está no presente o qual lhe apresenta as memórias da sua vida. Vida essa na corda bamba. A sua. A vida toda. Brinca com a cor do amor! Brinca porque vê o medo brincar com ele. Revolve suas entranhas com medo e recorre ao mágico que ainda mais o tornará ímpio! Salta do presente para o futuro e encontra a incerteza. Todas suas certezas ali dentro, na incerteza. Desconcerta porque vive o presente que é repleto de passado e pode sim, anteceder algo do futuro. Não quer viver o presente. O presente lhe mostra a corda bamba da vida. Aí ele sorri e corre, foge, não quer o bolo nem aquela anciã que sabe tudo. O que não é anunciado o desmonta. É a surpresa, aquela que lhe solicita uma posição. Posição? Vive na incerteza!!Está jogado dentro da espiral da vida. Mastiga, não degusta e engole. Se amedronta por nem saber o que engoliu. Se recolhe em memórias, acredita na incerteza do futuro e vê-se vivendo o presente de um menino que sorri pelos seus devaneios metafóricos. Um menino jogado no turbilhão de viver a espiral da vida a qual lhe da a chance de aliviar-se e dizer, foda-se tudo. Inclusive eu. Um menino fodido.
ResponderExcluirElena Muller
Pergunta pro próximo post: por que é tão mais fácil dizer pras coisas se fuderem do que efetivamente fazer quem que elas sejam só o coco do cavalo do bandido?
ResponderExcluirNão sei se eu gostei, miguinho, meio simples demais... não é vc!!!
ResponderExcluirVivi